São Paulo, domingo, 19 de outubro de 2008

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SONHANDO ALTO

Crise acirra competição de graduandos pelas vagas

Sem congelar programas de trainee, firmas podem contratar menos

MARIA CAROLINA NOMURA
DA REPORTAGEM LOCAL

A crise econômica que ebuliu nas últimas semanas deve acirrar ainda mais a concorrência dos graduandos por uma vaga no mercado de trabalho.
Na visão de Rodolfo Eschenbach, líder de prática de consultoria da Accenture, as firmas vão reduzir as contratações. "Se antes as empresas selecionavam três pessoas, agora será apenas uma: a melhor."
Por isso características como formação e competências desenvolvidas falarão alto. "As grandes empresas ainda não congelaram seus programas de trainee. Há uma crise de talentos e, quando um bom candidato aparece, as empresas não hesitam em contratá-lo", destaca Sofia Esteves, presidente do Grupo DMRH.
A consultora de carreira da Carrer Center Cláudia Monari faz coro e afirma que, por ser mais barato do que o dos executivos, o mercado de trabalho dos trainees será pouco afetado. "Mas a crise vai atingir todos de uma maneira geral."

Sem euforia
A visão pessimista sobre o cenário atual também engloba os formandos, segundo Rodolfo Eschenbach. "Quando fizemos o estudo, em março, foi constatado que 43% dos estudantes brasileiros não se preocupavam com a desaceleração da economia. Se a pesquisa fosse feita hoje, o número seria bem maior", pondera.
Eschenbach explica que, no início do ano, o momento econômico era de muita euforia. "Tanto que 71% dos graduandos disseram acreditar que conseguiriam um trabalho três meses após a conclusão do curso."
Realidade que não fez parte da vida de Luciana Nishiyama, 22, que se formou em enfermagem pela Universidade Norte do Paraná no ano passado e está buscando emprego.
As soluções que ela elegeu são aceitar um salário mais baixo do que o pretendido quando se formou ou se mudar para cidades próximas, onde a competição é menor.
Já para Daniel Bruzeguez, 22, que está no último ano de administração da FEA-USP, a crise é uma oportunidade de mostrar talentos. "É um desafio e terei de provar que sou melhor do que os outros concorrentes", prevê.
E, para se destacar, a preparação é essencial, de acordo com Sofia Esteves, da DMRH.
"Não basta ter apenas o domínio de um idioma. O que faz a diferença em um candidato é a sua atitude, como ter iniciativa ou saber lidar com as frustrações no trabalho", diz.


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