São Paulo, domingo, 20 de janeiro de 2008

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MANDARIM

Dominar o idioma facilita negociações

Para melhorar a parceria com os chineses, profissional deve assimilar a cultura e a etiqueta do país

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

De olho na China, Gerdau, Vicunha, IBM, Votorantim, HSBC e Suzano são algumas das empresas que valorizam o aprendizado do mandarim -e têm convênio com as duas principais escolas de São Paulo.
Apesar do esforço, ninguém tem a ilusão de que um ano de aprendizado capacite o profissional a fechar contratos nessa língua, cuja estrutura parece intransponível para ocidentais.
Ainda assim, há motivos para tentar ao menos arriscar-se a aprender. Em alta, o idioma vira diferencial na hora de fechar negócios com emissários da China, um dos maiores mercados do mundo.
A hegemonia do inglês segue incontestável, nota Ming Tsung Wu Ming, diretor e professor da NinHao Centro de Idioma e Cultura, que faz teste de proficiência em chinês para empresas de RH e consultoria.
"O mandarim é mais um facilitador para quem pretende fazer parceria ou vender para chineses, que se orgulham muito de sua língua e suas tradições. Um executivo que fale mandarim é valorizado, mas deve entender bem a cultura e a etiqueta de negociação", alerta Ming.
Chegar atrasado sem avisar, criticar a política chinesa e interromper quem está falando são gafes imperdoáveis, assim como dar presentes indevidos. "Boné verde" é sinônimo de "marido traído" e "relógio de parede" tem o som em mandarim a "ir a um velório".

Múltiplos significados
Aprender a diferenciar os múltiplos significados de uma palavra é outro desafio. "Há quatro tons. Dependendo da entonação, a palavra "ma", por exemplo, significa mãe, maconha, cavalo ou xingar. E, usada no final da sentença, indica que é interrogativa", explica Ming.
Os alunos aplicados têm resultados: em dois anos, já conseguem manter uma conversa, dar opiniões e elaborar textos simples em ideograma.
O administrador Murillo Diniz, 27, considera valiosos os dois meses de curso que fez antes de embarcar para Xangai, onde trabalha há mais de um ano no escritório de representação da VCP (do grupo Votorantim). Responsável por operações logísticas na Ásia, põe o mandarim em prática em visita a portos chineses. "O esforço é muito admirado e respeitado pelos chineses", avalia.
Segundo ele, são raros os ocidentais no país que conseguem falar mandarim com naturalidade. "Passam de seis a oito horas por dia estudando durante dois anos antes de ter fluência."
O estudo se resume quase sempre à conversação, porque escrever é difícil. Para o administrador, o inglês tem vida longa como língua de negócios e é cada vez mais estratégico para novas gerações de chineses.
O segredo para completar o aprendizado complexo é ter paciência. Nada de "píqì" (pronuncia-se pitchí), possivelmente a única palavra coincidente em português e em mandarim. (DR)


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