São Paulo, domingo, 20 de abril de 2008

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EM AÇÃO

Desgastante, ocupação exige paixão

Mercado de capitais fascina jovens que estejam dispostos a trabalhar até 18 horas por dia

Rafael Hupsel/Folha Imagem
Iraiana Leonardi, 23, trocou a faculdade de direito pela de economia

DIOGO BERCITO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Ação é a palavra-chave de quem trabalha no mercado de capitais -e não apenas pelos títulos negociados na Bolsa. Longas e exaustivas jornadas com mudanças imprevisíveis a qualquer hora do dia (e da madrugada) são commodities no dia-a-dia desses profissionais.
Mesmo assim, essa área seduz jovens na disputa por uma carreira de sucesso meteórico.
Uma pesquisa realizada com 1.170 ex-alunos da FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo) em 2006 aponta que um terço dos graduados escolheu trabalhar no setor financeiro.
O motivo pela procura, avalia o responsável pela pesquisa, Wagner Cassimiro, é a remuneração "bastante agressiva".
"Não é possível agüentar a profissão só por dinheiro. É fundamental ter paixão pelo que se faz", pondera o administrador Douglas Shibayama, 28.
Analista financeiro, Shibayama trabalha em Nova York para um grupo de investimentos localizado em Wall Street -rua que é símbolo do mercado de finanças no mundo inteiro.
Segundo ele, o dia-a-dia dinâmico é uma das razões para continuar no emprego de mais de 12 horas diárias de trabalho.
"Minha jornada hoje é mais tranqüila do que quando eu morava no Brasil", argumenta. "Antes de me mudar para cá, era comum trabalhar mais de 18 horas por dia. Deixava um saco de dormir no escritório."
Embora com um expediente mais curto -de cerca de nove horas diárias-, o estudante de economia Renato Motta, 25, concorda com Shibayama ao afirmar que a profissão é desgastante. Contudo, não se deixa intimidar.
"É estressante, sim, mas nada com que eu não esteja preparado para lidar", diz Motta, que é supervisor de mesa de operações na Título Corretora.

Dança da cadeira
Os lançamentos recordes de IPOs (oferta pública inicial de ações), as fusões entre grandes empresas e a tendência de investidores de renda fixa começarem a migrar para a Bolsa certamente beneficiam as carreiras do mercado de capitais.
Os profissionais mais disputados, porém, são aqueles que já atuam no setor, dificultando a entrada de novatos. "Não existe uma "dança da cadeira'", pondera Danilo Castro, gerente da divisão de "banking e insurance" da Page Personel.
Uma alternativa para entrar no mercado, segundo Castro, é -para os que estão na universidade- apostar em programas de estágios e de trainees.


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