São Paulo, domingo, 20 de julho de 2008

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LICENÇA PARA CRIAR

Empresas investem em cuidados com a mãe

Benefícios como creche, porém, são exceção nas grandes firmas

DA REPORTAGEM LOCAL

Na tentativa de propiciar às mães o direito de amamentar seus filhos até os seis meses, algumas empresas adotam práticas que vão desde estender a licença-maternidade a instituir lactários e berçários nos estabelecimentos da companhia.
De acordo com um levantamento do Great Place to Work divulgado em maio deste ano, 20% das melhores empresas para trabalhar, segundo o critério do instituto, contam com práticas diferenciadas para gestantes e mães-funcionárias.
As farmacêuticas Mantecorp e Bristol-Myers Squibb, por exemplo, oferecem lactários. A Pfizer investiu em creche para as funcionárias da fábrica, e a Eurofarma dá a opção de seis meses de licença-maternidade.
Na ArcelorMittal Tubarão, do setor do aço, as profissionais e mulheres de funcionários recebem pré-natal, além de um auxílio-infância. "Essa ajuda dura até os seis anos da criança, mas, em caso de filhos excepcionais, o benefício não pára", diz Álvaro José Ferreira, gerente-geral de recursos humanos.
Para o pediatra Fabio Ancona, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria, medidas que priorizam a amamentação e o relacionamento dos filhos com as mães são uma "vitória para as crianças".
"Sob o ponto de vista nutricional, a Organização Mundial de Saúde afirma que o melhor alimento para os bebês até os seis meses de idade é o leite materno exclusivo", salienta.

Saúde da mulher
O ginecologista Waldemir Rezende, do Departamento de Obstetrícia do Hospital das Clínicas de São Paulo, explica que os benefícios para a profissional que amamenta também são grandes. "Ela reduz o sangramento do útero e, com isso, pode ter menos chance de desenvolver câncer de mama."
Mas a biomédica Natascha Miller, 36, autora do livro "E Agora, o Bebê Nasceu", a ser lançado em setembro pela editora Novo Século, ressalta que a maternidade deixa a mulher "emocionalmente péssima".
"Ela fica com um turbilhão de emoções desconhecidas e trabalhar acaba sendo uma fuga boa, já que, como tudo é muito novo, ela tem a possibilidade de voltar a ser quem era."
Mesmo assim, a licença-maternidade é fundamental, reforça Rezende: "Na prática, porém, é difícil para as profissionais liberais ou as empresárias respeitarem esse período".
Após três meses do nascimento de seus gêmeos, a designer Camilla Sola, 31, passou a trabalhar de madrugada. "Tive de voltar logo porque, quando o negócio é nosso, ele só anda direito se estamos presentes."
Já a assistente de marketing Luciana Miquelini Leoni, 35, que está grávida de cinco meses, afirma que vai usufruir da licença integralmente. "Um afastamento de quatro ou seis meses da empresa não vai apagar tudo de bom que você fez anteriormente", defende.
(MCN)



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