São Paulo, domingo, 21 de março de 2004

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NOVOS RUMOS

Atentados aos EUA e à Espanha e preço do dólar e do euro fazem estudantes rever esses destinos

Preço e terrorismo mudam rota de intercâmbio

RAFAEL ALVES PEREIRA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Malta e África do Sul caíram nas graças dos intercambistas interessados em aprender inglês, assim como Argentina, Cuba e Equador, países emergentes no ca- tálogo das operadoras que oferecem cursos de espanhol.
Questões financeiras (custo do dólar e do euro) e ideológicas (dificuldade para obtenção do visto e medo de atentados terroristas), além da busca por lazer, deram fôlego a países que até então estavam fora do circuito tradicional.
"O atrativo de Malta é ser uma região de colonização inglesa em pleno mar Mediterrâneo, perto da costa da Itália e da Grécia", diz Alan Mintelmão, da Just Intercâmbios. O clima foi o que atraiu a economista Adriana Ribeira, 29. "Gosto de lugares exóticos. Pensei no Canadá, mas, além de achar pouco interessante, não queria passar frio", diz ela.
Os estudantes brasileiros "descobriram" a ilha de Malta há pouco tempo, e a procura tem crescido bastante. Segundo a Belta (Brazilian Educational & Language Travel Association), o número de estudantes brasileiros que foram ao país dobrou desde 2002.
A África do Sul também entrou no circuito recentemente e promete repetir o fenômeno que ocorreu com a Austrália nos anos 90, quando o país se juntou à rota de intercâmbio. A opção de fazer safáris e de visitar uma praia cheia de pingüins, programa obrigatório para quem vai à Cidade do Cabo, conta pontos a favor.
África do Sul, Malta e alguns países latino-americanos apresentam, além de estabilidade social, custos mais baixos. O pacote do curso de um mês em Malta, com passagem, hospedagem e alimentação, chega a custar a metade de um equivalente em San Diego, nos EUA.

Em baixa
Logo depois dos atentados de 11 de setembro, as agências registraram uma queda de 30% nas viagens para os Estados Unidos; atualmente, a procura pelo país ainda está 5% mais baixa que em 2001, antes dos ataques. Exigências para a obtenção do visto e o fantasma do terrorismo, que ainda ronda o país, são algumas das razões. "Não apóio a política americana nem os milhões de empecilhos que eles colocam para conceder o visto", diz Fabiana Wada, 26, que optou pela África do Sul.
Já o Canadá, que nos anos 90 se firmou como alternativa para o ensino de inglês, registrou queda de 15% no ano passado por causa dos focos de gripe asiática em Toronto. "Em 1999, com a valorização do dólar, as pessoas passaram a procurar locais com preços mais baixos e câmbio favorável", diz Cesar Bastos, da agência Integrity.
Na Espanha, o medo de novos atentados terroristas pode fazer com que o país seja preterido.


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