São Paulo, domingo, 21 de setembro de 2008

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GEOLOGIA

Campo vai da construção ao ambiente

Venda de matérias-primas para a China e alta do petróleo também impulsionam carreira

CRISTINA MORENO DE CASTRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Imagine que, antes mesmo de terminar a faculdade, as empresas o contratem com um bom salário. E que, depois, você continue recebendo outras propostas, porque faltam profissionais da sua área.
Foi o que aconteceu com Itamar Brancalhão, Bruno Salmoni e Tiago Borges, formados em geologia na USP entre 2006 e 2007. Brancalhão, 26, trabalha com geologia ambiental. Em dois anos, passou por três empresas e o seu salário foi de R$ 2.400 para R$ 3.700. "É o mercado que nos procura, e não nós que procuramos o mercado."
Salmoni, 23, ganhava cerca de R$ 1.000 por mês no estágio. Hoje trabalha numa empresa do ramo da construção civil e ganha quatro vezes mais.
Borges, 26, geólogo da Cenec Engenharia, do grupo Camargo Corrêa, recebeu três propostas só no último mês. O que mais o atrai na profissão é sua dinâmica: "Às vezes fico no escritório com ar-condicionado, outras, no meio do mato, acampado".
Com o crescimento da China -compradora de matérias-primas minerais- e a descoberta de campos de petróleo no Brasil, a profissão vive um boom. "Fora isso, há a necessidade [do geólogo] para uma obra civil, para um plano preventivo de deslizamento de morro, para [o mapeamento de] águas subterrâneas", exemplifica Agamenon Dantas, presidente da CPRM (Serviço Geológico do Brasil, ligado ao Ministério de Minas e Energia).
São principalmente quatro áreas que vêm recebendo mais investimentos: mineração, construção civil, petróleo e meio ambiente. Para suprir essa demanda, Dantas prevê a necessidade de contratar mil geólogos no Brasil só neste ano.
Tatiana Mattos, coordenadora de educação profissional da Vale, diz que a empresa vai contratar mais 400 até 2012. Só que, segundo o último censo de educação superior do MEC, formam-se apenas cerca de 350 geólogos a cada ano no Brasil.
Larissa de Cézar, 18, se inscreveu no vestibular de geologia, em vez de oceanografia, sua outra opção. "A geologia tem um leque maior", acredita.
Mas o mercado do estudioso das rochas nem sempre esteve tão bom. "Passamos as décadas de 1980 e 1990 com alto índice de desemprego e muita gente desistindo de ser geólogo." Não basta seguir um "modismo", adverte o coordenador do curso de licenciatura em geociências da USP, Paulo César Boggiani. O curso é pesado e envolve cálculos, química e física.



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