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GEOLOGIA
Campo vai da construção ao ambiente
Venda de matérias-primas para a China e alta do petróleo também impulsionam carreira
CRISTINA MORENO DE CASTRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Imagine que, antes mesmo
de terminar a faculdade, as empresas o contratem com um
bom salário. E que, depois, você
continue recebendo outras
propostas, porque faltam profissionais da sua área.
Foi o que aconteceu com Itamar Brancalhão, Bruno Salmoni e Tiago Borges, formados em
geologia na USP entre 2006 e
2007. Brancalhão, 26, trabalha
com geologia ambiental. Em
dois anos, passou por três empresas e o seu salário foi de R$
2.400 para R$ 3.700. "É o mercado que nos procura, e não nós
que procuramos o mercado."
Salmoni, 23, ganhava cerca
de R$ 1.000 por mês no estágio.
Hoje trabalha numa empresa
do ramo da construção civil e
ganha quatro vezes mais.
Borges, 26, geólogo da Cenec
Engenharia, do grupo Camargo
Corrêa, recebeu três propostas
só no último mês. O que mais o
atrai na profissão é sua dinâmica: "Às vezes fico no escritório
com ar-condicionado, outras,
no meio do mato, acampado".
Com o crescimento da China
-compradora de matérias-primas minerais- e a descoberta
de campos de petróleo no Brasil, a profissão vive um boom.
"Fora isso, há a necessidade [do
geólogo] para uma obra civil,
para um plano preventivo de
deslizamento de morro, para [o
mapeamento de] águas subterrâneas", exemplifica Agamenon Dantas, presidente da
CPRM (Serviço Geológico do
Brasil, ligado ao Ministério de
Minas e Energia).
São principalmente quatro
áreas que vêm recebendo mais
investimentos: mineração,
construção civil, petróleo e
meio ambiente. Para suprir essa demanda, Dantas prevê a necessidade de contratar mil geólogos no Brasil só neste ano.
Tatiana Mattos, coordenadora de educação profissional da
Vale, diz que a empresa vai contratar mais 400 até 2012. Só
que, segundo o último censo de
educação superior do MEC,
formam-se apenas cerca de 350
geólogos a cada ano no Brasil.
Larissa de Cézar, 18, se inscreveu no vestibular de geologia, em vez de oceanografia, sua
outra opção. "A geologia tem
um leque maior", acredita.
Mas o mercado do estudioso
das rochas nem sempre esteve
tão bom. "Passamos as décadas
de 1980 e 1990 com alto índice
de desemprego e muita gente
desistindo de ser geólogo." Não
basta seguir um "modismo",
adverte o coordenador do curso
de licenciatura em geociências
da USP, Paulo César Boggiani.
O curso é pesado e envolve cálculos, química e física.
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