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Velada, pressão social prejudica
Profissional novato sujeita-se a situações constrangedoras por medo de perder o emprego
DIOGO BERCITO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Se, na física, a fórmula da
pressão é o quociente entre a
força exercida e a área em questão, no ambiente de trabalho,
poderia ser adaptada para a tarefa exigida (a contragosto) sobre experiência do profissional.
Geralmente velada e incontestável, a pressão social -que
faz com que funcionários se
submetam à maioria, contrariando seus desejos e valores-
cresce à medida que o profissional, sobretudo o novato, deseja ser aceito pelo grupo.
Foi o que aconteceu com Camila (nome fictício), 28, quando foi contratada por um grande banco. Nos primeiros dias de
trabalho, os colegas de departamento a convidaram para comemorar o "happy hour" em
um bar da região. Com um detalhe: ela pagaria a conta.
Os chopes e aperitivos consumidos pelas dez pessoas envolvidas custaram ao seu bolso
cerca de R$ 300. "Paguei para
pararem de me amolar", conta.
"Quem não participa fica malvisto, há a impressão de que a
pessoa não sabe levar as coisas
na brincadeira", completa.
Das pressões a que o funcionário está sujeito em sua empresa, a social é uma das mais
delicadas, explica Wimer Bottura Jr., psiquiatra da Associação Paulista de Medicina.
"É uma cobrança interna.
Por medo de perder o emprego,
o profissional cede a essas pressões e, com o tempo, apresenta
distúrbios psicossomáticos relacionados à raiva e ao medo."
Para Márcio Zenker, 60, psicólogo especializado em recursos humanos, o medo de ser rejeitado socialmente é a principal razão que leva as pessoas a
cederem a esse tipo de pressão.
"O funcionário que enfrenta
mais problemas é o que está o
tempo todo preocupado com a
sua imagem diante dos outros",
diz. O risco, afirma, às vezes
nem mesmo é real -é importante ponderar se o medo de
não ser aceito é imaginário.
(Des)integração
Na avaliação de Paulo Celso
de Toledo Jr., da LCZ Consultoria, essas situações prejudicam a produtividade. "Mas tudo isso é parte do processo de
integração do grupo", ressalva.
Foi com o intuito de integrar
os colegas de trabalho que César Félix, 18, passou a organizar
festas de aniversário na empresa em que trabalha -cobrando
até R$ 20 por pessoa por mês.
A iniciativa, no entanto, teve
efeito inverso: criou mais uma
obrigação dentre tantas já existentes em seu departamento.
"O problemas desses rituais é
dar continuidade", comenta.
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