São Paulo, domingo, 22 de fevereiro de 2004

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SABOTAGEM

Telefone, xerox e impressora são alvos de quem usa estrutura para benefício próprio

"Geladeira" dá motivo a abusos nas empresas

Fernando Moraes/Folha Imagem
Evandro Daolio passou a usar o tempo no trabalho para procurar emprego e aprender idiomas


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Frustração, maus exemplos e deslumbramento são os principais motivos do uso inadequado de ferramentas de trabalho como impressoras, telefone e xerox.
Quer seja quando o funcionário se sente na "geladeira", sem chance de crescer no emprego, quer seja quando descobre que o chefe não segue as regras, cresce a disposição para o abuso. O mesmo ocorre com quem atinge rapidamente postos com regalias como cartão de crédito corporativo.
"O comportamento dos líderes legitima ações negativas dos funcionários. Mas as pessoas só fazem aquilo que sua ética pessoal permite", diz o consultor Ricardo Vargas, da TMI Brasil. "Quando há um clima de confiança, as pessoas não têm esse espírito de tirar vantagem", aponta Paulo Kretly, diretor da FranklinCovey Brasil.
O desejo de ser demitido (em vez de pedir as contas), para não perder direitos trabalhistas, também é um incentivo. Foi o que ocorreu com Evandro Daolio, 32, que escreveu um livro em que dá dicas de como ser despedido (www.riadaminhavida.com.br).
Transferido por quem hoje chama de "um chefe sabotador" para uma função "medíocre" no banco em que trabalhava, passou a usar seu tempo para procurar emprego e aprender programação de computador, marketing e alemão. Imprimiu apostilas, livros e cerca de 200 currículos. Mas adverte: "A prática só é indicada nesse caso específico".
De acordo com o advogado Cesar Augusto Garcia e os professores de direito do trabalho Estêvão Mallet (USP) e Carla Romar (PUC-SP), a prática pode provocar demissão por justa causa, embora seja difícil prová-la na Justiça quando não há fiscalização.
Ricardo Semler, conselheiro da empresa Semco, entretanto, diz que a fiscalização incentiva a prática. "Sou completamente contra o monitoramento." Segundo ele, o abuso é praticado mais pelas empresas, que "rotineiramente bisbilhotam o e-mail dos funcionários". "Acreditamos nas nossas pessoas e ponto final." (BL)


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