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RELAÇÕES TRANSPARENTES
Lobistas deixam bastidores para impulsionar a carreira
Associação e pós são algumas das mudanças rumo à profissionalização
Renato Stockler/Folha Imagem
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O relações-governamentais Leandro Machado, que gerencia as informações-chave da Natura
ANDRESSA ROVANI
DA REPORTAGEM LOCAL
A proposta de um código de
conduta profissional, a necessidade de as empresas se alinharem ao movimento de maior
transparência e a criação de um
curso de especialização para
formar interlocutores têm empurrado à luz um perfil profissional visto até hoje sob o estigma de fora-da-lei: o lobista.
"Devido aos escândalos recentes, as empresas estão mais
preocupadas em ter bons profissionais como interlocutores
no governo", diz Gilberto Galan, consultor da Galan & Associados que exerceu o posto por
30 anos em multinacionais.
"Devemos ficar gratos a todos esses escândalos, porque
eles mexeram com o brio dos
que trabalham com ética e não
são corruptos", emenda o professor Paulo Kramer, da UnB
(Universidade de Brasília).
As grandes corporações deram o primeiro passo. A criação
do posto de relações governamentais expõe a intenção empresarial de apontar a limpidez
de seus representantes.
"O relações-governamentais
faz mais do que lobby", ressalva
Galan. "Leva dados qualificados ao parlamentar e trabalha
na inteligência da empresa."
No mercado de trabalho, o
reflexo é claro: com o destaque
dado ao cargo, o profissional da
área passou a ser disputado.
Galan afirma ser freqüentemente consultado por "head-hunters" em busca de indicações na área. "Mas é difícil. Não
há muita gente no mercado."
Para a cientista política Andréa Oliveira, que analisou a
função de especialista em relações governamentais em sua
tese de doutorado na Unicamp,
esse movimento "denota uma
clara tendência de profissionalização da atividade".
Auto-regulamentação
Cansada de esperar a aprovação do projeto de lei que tramita há 18 anos no Congresso, a
própria categoria decidiu agir.
Em agosto será lançada a primeira associação de profissionais que atuam na área, a Abrig
(Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais). Entre as principais
ações da entidade, destaca-se a
formulação de um código de
conduta profissional.
Para Kramer, "isso ajudará a
diferenciar lobistas de corruptos e traficantes de influência".
"Não acredito que a aprovação do projeto resolverá o estigma que a profissão carrega", diz
Oliveira, que defende a iniciativa da categoria. "[A auto-regulamentação] é uma forma de
separar o joio do trigo, apesar
do grande corporativismo."
Na sala de aula
A ausência até hoje de fontes
acadêmicas que forneçam
qualificação específica tem relegado os interessados à aprendizagem prática. Esse cenário,
porém, está para mudar.
Em agosto tem início o curso
de especialização em relações
institucionais e governamentais do Iesb (Instituto de Educação Superior de Brasília), que
pretende contar com alunos
em início ou meio de carreira.
"Há uma demanda grande
por esse tipo de curso", justifica
Kramer, que coordena essa pós.
A Associação Brasileira de
Comunicação Empresarial, segundo Galan, também lançará
um curso na área neste ano.
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