São Paulo, domingo, 22 de setembro de 2002

Próximo Texto | Índice

O FOGÃO CHAMA

Gastronomia abre o apetite de profissionais

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Quem trabalha com gastronomia não fica só parado na cozinha cuidando das panelas.
Além de atender clientes e acompanhar todos os setores do estabelecimento, fazer viagens internacionais para aprimorar o currículo também pode compor sua rotina e o colocar na mira de selecionadores e de bons salários.
"O mercado está bem aquecido, e é difícil encontrar candidatos com boa formação técnica", analisa Vera Costa, diretora da Accor Hotéis. Entre os mais procurados, estão chefs de cozinha, confeiteiros, maîtres e sommeliers (especialistas em vinhos).
"A confeitaria ainda é restrita a pratos tradicionais, e existem poucos sommeliers para acompanhar o crescimento do consumo de vinhos em restaurantes", exemplifica Jorge Valsassina, presidente da Abaga (Associação Brasileira de Alta Gastronomia).
A recompensa não é pouca. Um sommelier pode ganhar de R$ 1.500 a R$ 6.000, e um confeiteiro, de R$ 4.000 a R$ 6.000, em bons hotéis e restaurantes. Os chefs de cozinha mais renomados embolsam cifras que chegam a R$ 25 mil, mas o salário normal varia de R$ 5.000 a R$ 8.000.

Novos campos
Os profissionais de gastronomia geralmente atuam em restaurantes, mas a ampliação do comple- xo hoteleiro em vários Estados faz com que se abram oportunidades também nesse setor.
No Club Med, por exemplo, os profissionais brasileiros ganham cada vez mais espaço. "Quando entrei aqui, há quatro anos, a maioria dos profissionais da cozinha vinha da França, mas hoje muitos são brasileiros", declara Olivier Buche, gerente nacional de alimentos e bebidas do Club Med. "Mas todos os nossos padeiros são estrangeiros. Gostaria de formar brasileiros", diz.
Os estabelecimentos, em geral, têm uma política que permite o crescimento na carreira. Não é incomum começar como auxiliar de cozinha e chegar a posições como maître ou chef.
O primeiro emprego de Carlos Campineiro, 44, foi de assistente de cozinha. Interessado no setor de gastronomia, ele aprendeu francês, fez aperfeiçoamento em queijos e vinhos, viajou à França e frequenta um curso superior em gastronomia. Hoje é assistente de alimentos e bebidas e sommelier do hotel Sofitel.
Outro profissional que passou de cargos menores à linha de frente da profissão foi Eduardo Canabá, 29, sommelier do restaurante All Seasons. Ele começou trabalhando como lavador de pratos, depois foi garçom e maître.
Além de fazer cursos no país e viagens internacionais para conhecer vinícolas, investe até R$ 2.000 mensais em especialização.
Para quem vai começar, a dica de Ingrid Schmidt-Hebbel, coordenadora do curso superior de tecnologia em gastronomia da Faculdade Senac de Turismo, é procurar oportunidades fora das capitais. "O interior e o litoral têm carência de profissionais."
O setor exige aptidão para tarefas administrativas. As atividades de Jefferson Strini, 37, chef de cozinha do Hotel Mercure Jardins, por exemplo, vão da elaboração do cardápio à contratação de profissionais. (BRUNA MARTINS FONTES)


Próximo Texto: Café Gourmet
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.