|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Núcleo social e familiares influenciam na decisão
Ídolos e heróis também podem interferir no futuro profissional
DA REPORTAGEM LOCAL
A fumaça impedia o tenente
Marcos Palumbo, 31, de encontrar a porta principal do prédio
em chamas. Nesse momento,
diz, achou que era seu fim.
"Consegui manter a calma e
tateei as paredes até encontrar
a saída", lembra o bombeiro.
A cena faz parte de suas lembranças de um incêndio na zona norte de São Paulo, há cerca
de três anos. Segundo ele, naquela ocasião, duas pessoas
morreram. "Mas conseguimos
resgatar mais de 20", conta.
Palumbo afirma que arriscar
a vida diariamente não o intimida. "Faz parte do nosso trabalho -todas as situações que
vivenciamos são de risco. Numa batida de carro, por exemplo, há o perigo de sermos contaminados no contato com o
sangue da vítima", explica.
Segundo ele, a escolha de sua
profissão tem um porquê: o valor humano da atividade.
A professora de psicologia da
PUC-SP Carmen Lúcia Rittner
esclarece que inúmeros fatores
influenciam essa decisão. "Se a
pessoa teve oportunidade de
conhecer um ofício bem cedo,
ou se tem em seu círculo social,
familiar ou até no cinema um
modelo de herói, fica mais fácil
compreender a opção", explica.
O diretor da Titanium, empresa de segurança, Emerson
Januzzi, 32, é exemplo de como
os modelos e ídolos podem influenciar o profissional. "Os filmes me inspiraram", confessa.
Januzzi tem no currículo experiências como soldado do
exército, vigilante de patrimônio e segurança pessoal. Coleciona 58 cursos de treinamento
de segurança e diz não temer a
adversidade do ofício.
"Atualmente morre mais
gente em acidentes de carro do
que em assaltos", compara.
Recompensa financeira
A emoção de exercer uma atividade de risco tem um preço.
Na legislação trabalhista brasileira, pode ser traduzido como
adicional de periculosidade
-percentual do salário que o
trabalhador recebe para vivenciar situações arriscadas.
Entretanto, como a lei não
definiu o que é uma profissão
de risco, apenas algumas funções contam com esse direito.
"Apesar de perigosas, atividades como a de limpar os vidros do lado de fora de prédios
altos não recebem o benefício",
diz o advogado Eli Alves Silva.
Os eletricistas são um exemplo de profissionais que têm direito a um percentual sobre o
salário-base.
O coordenador operacional
da AES Eletropaulo, Flávio
Vieira da Cunha, que trabalha
em torres de transmissão de alta voltagem de 70 metros de altura, explica que todos os funcionários recebem o benefício,
além do seguro de vida.
"Tenho consciência de que a
empresa se preocupa conosco.
Ela oferece todo o equipamento de proteção individual indispensável como roupa antichamas e cinto de sustentação em
grandes alturas."
Texto Anterior: Acidentes não param motociclista Próximo Texto: Na lei Índice
|