São Paulo, domingo, 22 de outubro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Núcleo social e familiares influenciam na decisão

Ídolos e heróis também podem interferir no futuro profissional

DA REPORTAGEM LOCAL

A fumaça impedia o tenente Marcos Palumbo, 31, de encontrar a porta principal do prédio em chamas. Nesse momento, diz, achou que era seu fim.
"Consegui manter a calma e tateei as paredes até encontrar a saída", lembra o bombeiro.
A cena faz parte de suas lembranças de um incêndio na zona norte de São Paulo, há cerca de três anos. Segundo ele, naquela ocasião, duas pessoas morreram. "Mas conseguimos resgatar mais de 20", conta.
Palumbo afirma que arriscar a vida diariamente não o intimida. "Faz parte do nosso trabalho -todas as situações que vivenciamos são de risco. Numa batida de carro, por exemplo, há o perigo de sermos contaminados no contato com o sangue da vítima", explica.
Segundo ele, a escolha de sua profissão tem um porquê: o valor humano da atividade.
A professora de psicologia da PUC-SP Carmen Lúcia Rittner esclarece que inúmeros fatores influenciam essa decisão. "Se a pessoa teve oportunidade de conhecer um ofício bem cedo, ou se tem em seu círculo social, familiar ou até no cinema um modelo de herói, fica mais fácil compreender a opção", explica.
O diretor da Titanium, empresa de segurança, Emerson Januzzi, 32, é exemplo de como os modelos e ídolos podem influenciar o profissional. "Os filmes me inspiraram", confessa.
Januzzi tem no currículo experiências como soldado do exército, vigilante de patrimônio e segurança pessoal. Coleciona 58 cursos de treinamento de segurança e diz não temer a adversidade do ofício.
"Atualmente morre mais gente em acidentes de carro do que em assaltos", compara.

Recompensa financeira
A emoção de exercer uma atividade de risco tem um preço. Na legislação trabalhista brasileira, pode ser traduzido como adicional de periculosidade -percentual do salário que o trabalhador recebe para vivenciar situações arriscadas.
Entretanto, como a lei não definiu o que é uma profissão de risco, apenas algumas funções contam com esse direito.
"Apesar de perigosas, atividades como a de limpar os vidros do lado de fora de prédios altos não recebem o benefício", diz o advogado Eli Alves Silva.
Os eletricistas são um exemplo de profissionais que têm direito a um percentual sobre o salário-base.
O coordenador operacional da AES Eletropaulo, Flávio Vieira da Cunha, que trabalha em torres de transmissão de alta voltagem de 70 metros de altura, explica que todos os funcionários recebem o benefício, além do seguro de vida.
"Tenho consciência de que a empresa se preocupa conosco. Ela oferece todo o equipamento de proteção individual indispensável como roupa antichamas e cinto de sustentação em grandes alturas."


Texto Anterior: Acidentes não param motociclista
Próximo Texto: Na lei
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.