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São Paulo, domingo, 23 de fevereiro de 2003

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Filosofia de RH define existência de creches

DA REPORTAGEM LOCAL

Após a licença-maternidade, o grande dilema da maioria das mães é saber com quem irá deixar o bebê para reassumir a atividade profissional. Nessa hora, quem conta com uma creche dentro da própria empresa leva vantagem.
O problema, dizem os especialistas, é que esse tipo de benefí- cio vem se tornando cada vez mais escasso nas companhias. Tomando como justificativa os fatores custo, espaço e riscos, os berçários vêm sendo substituídos pelo auxílio-creche, espécie de ajuda de custo para deixar o filho onde for mais conveniente.
"No setor de serviços, espaços destinados às crianças tornaram-se raridade. Já a indústria é o segmento que mais conserva a tradição, devido à concentração de mulheres na linha de produção", diz Leonardo Fialho Salgado, 32, consultor da Hay Group Brasil.
No Bank Boston, em vez de creche, as funcionárias recebem R$ 128 por criança de até sete anos. "A opção é bem-aceita pelos funcionários, que têm salários médios de R$ 4.000 e preferem escolher onde deixar os filhos", explica Marcelo Santos, 40, vice-presidente de recursos humanos.
Embora não existam estatísticas sobre a redução das creches, Salgado considera o fenômeno facilmente observável. "É uma tendência, mas não generalizada. A opção depende muito da filosofia de gestão de recursos humanos adotada pela empresa", explica.
Natura e O Boticário são exemplos que mantêm a creche por considerar o benefício positivo, inclusive à imagem da empresa. A creche da Natura teve projeto arquitetônico especial para garantir boa iluminação e ambiente agradável à permanência das crianças, que ficam lá o dia todo.
Em O Boticário, o investimento não é considerado supérfluo. "Gastamos cerca de R$ 520 por criança e só repassamos R$ 45 ao funcionário", revela a coordenadora de recursos humanos, Márcia Vaz. "Mesmo quem não tem filhos é simpático à proposta, e os profissionais estão satisfeitos."
Remando contra a maré, a Gradiente está considerando a instalação de um berçário dentro do escritório em Pinheiros (zona oeste de São Paulo). O modelo já é adotado na fábrica em Manaus.
"Ouvimos os funcionários e percebemos que, embora o pagamento do auxílio-creche seja mais prático, o berçário no local chega até a funcionar como ferramenta de retenção de bons profissionais", afirma Rogério Barão, 38, gerente de recursos humanos.
Para a gerente da Bombril Cristiane Duarte, 30, "independentemente do valor do auxílio-creche, ele não substitui o conforto de ter a criança por perto". A companhia mantém um berçário com enfermeiras funcionando 24 horas. "Bastava descer um lance de escada para amamentar meu filho. Isso me ajudou a retomar minhas tarefas com tranquilidade."
Evandro Balbuena, 46, chefe de remuneração e benefícios da Bombril, desmente a tese de que manter um berçário é sempre dispendioso. "Traz benefícios incontáveis, e a estrutura pode ser de baixo custo. É um investimento que vale a pena para empresas de qualquer setor", afirma.



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