São Paulo, domingo, 23 de março de 2008

Próximo Texto | Índice

BASTIDORES

Circuito de espetáculos demanda profissionais


DIOGO BERCITO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A luz que ilumina Luciana Araújo, 36, e Helena Itioka, 54, não é projetada pelos canhões do palco, mas pela lâmpada amarela do camarim adaptado para oficina de costura.
As duas trabalham como costureiras na produção do espetáculo "Aida", em cartaz até o dia 6 de abril no Teatro Cultura Artística, em São Paulo.
Como Araújo e Itioka, outros cerca de 120 profissionais possibilitam, entre camarins, coxias e bastidores em geral, que o espetáculo aconteça.
Os interessados em fazer parte desse grupo restrito têm tido, atualmente, mais oportunidades de trabalho.
A razão é o crescimento da oferta e da procura por espetáculos no Brasil. "Já entramos no circuito dos musicais internacionais", afirma Líbia Lender, coordenadora do curso de eventos da Universidade Anhembi Morumbi.

Casas
Lender cita como exemplo da consolidação do mercado a reforma do HSBC Brasil (ex-Tom Brasil), feita em 2007 para receber "Os Produtores". Na ocasião, foi construído um fosso em frente ao palco, para abrigar a orquestra do musical.
Para Jorge Takla, produtor e diretor de "West Side Story", em cartaz no Teatro Alfa, o mercado tende a crescer ainda mais, caso aumente o número de casas de espetáculo com condições adequadas para receber grandes produções.
Para um profissional de bastidores, participar de um musical pode ser interessante de diversas formas.
Se a montagem for uma franquia de um espetáculo da Broadway, como foi o caso de "Miss Saigon", e a produção precisar seguir à risca as recomendações internacionais, pode ser um bom momento para o empregado aprender como se atua lá fora.
"É útil para uma costureira brasileira aprender como uma costureira de outro país faz um corte de época em um tecido", exemplifica Takla.
Por outro lado, se a montagem for nacional e houver liberdade para adaptações, há a possibilidade de o profissional exercer sua criatividade e descobrir novidades.

Qualificação
Nos dois casos, Takla ressalta a necessidade de o trabalhador se qualificar. "Como nos demais mercados, as pessoas estão estudando mais, buscando aperfeiçoamento para fazer frente à concorrência", diz.
É o que está fazendo a técnica de som Cecília Liss, 25, para quem o posicionamento de um microfone é uma obra de arte.
Liss, a única mulher de toda a equipe técnica de "Aida", está estudando canto e pretende, em breve, deixar as coxias e passar para os palcos -ela quer ser atriz. "Amo trabalhar com teatro, gosto do ambiente de descontração", diz.


Próximo Texto: Bastidores: Atrás dos palcos, vale ter experiência
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.