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sua carreira
filosofia e sociologia
Docência ganha novos horizontes
A partir de 2007, ensino médio demandará profissionais; sindicato prevê 30 mil vagas
RENATA DE GÁSPARI VALDEJÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Gustavo Gomes Santos, 25,
formou-se em ciências sociais
na USP há três anos. Mesmo sabendo das dificuldades do mercado de trabalho, não abriu
mão de seu sonho: a docência.
Fez mestrado, iniciou o doutorado, mandou currículos, mas o
espaço que encontrou foi em
pesquisa, no Centro Brasileiro
de Análise e Planejamento.
Uma recente decisão do Conselho Nacional de Educação
(CNE) pode, finalmente, proporcionar ao jovem sociólogo a
chance de dar à carreira o rumo
que pretendia. As disciplinas de
filosofia e ciências sociais passarão, a partir de 2007, a ser
obrigatórias no currículo do
ensino médio em todo o país.
"Minha idéia inicial era dar
aulas só em universidades, mas
o campo está muito restrito",
afirma ele, que, no mês que
vem, começa a cursar a licenciatura na USP, paralelamente
ao doutorado. "É para abrir o
leque de opções", explica.
Em SP, só filosofia
Antes da determinação do
CNE, anunciada neste mês,
17 Estados já haviam decidido
reincorporar as duas disciplinas a seus currículos.
Em São Paulo, as 3.718 unidades com ensino médio da rede pública oferecem, desde
2005, filosofia como disciplina
obrigatória nos dois primeiros
anos. No terceiro, a escola opta
por sociologia ou psicologia.
"Estávamos tentando uma
audiência com a secretária da
Educação para pedir uma resolução que tornasse sociologia
obrigatória também, mas não
será mais necessário", comemora Lejeune Mato Grosso, vice-presidente do Sinsesp (sindicato estadual dos sociólogos).
O sindicato estima que, com
o anúncio, deverão ser criados
30 mil postos de trabalho no
país para ambas as carreiras.
Mato Grosso ressalta, porém, que ainda há uma reivindicação a ser feita: "É importante que a carga horária mínima de cada disciplina seja de
duas horas/aula por semana",
diz. Segundo a secretaria, a
questão está sendo estudada.
Mudança em curso
"Essa medida vem ao encontro da modificação geral pela
qual vem passando a carreira
no país", comemora o presidente do Anpof (Associação
Nacional de Pós-Graduação em
Filosofia), João Carlos Salles.
Para ele, outro fator positivo
será o conseqüente aumento na
qualidade da graduação.
Já para Roberto Bolzani Filho, 46, coordenador do curso
de filosofia da USP, "criou-se
uma demanda muito grande,
mas não há oferta de profissionais para supri-la". "Nossa unidade precisará incluir em suas
metas a formação do professor
de ensino médio. Nosso perfil
sempre foi o de formar pesquisadores. Teremos de aperfeiçoar nosso curso", avalia.
A USP já providencia uma reformulação nos seus cursos de
licenciatura, que deverá entrar
em vigor a partir de 2007.
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