São Paulo, domingo, 23 de julho de 2006

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sua carreira

filosofia e sociologia

Docência ganha novos horizontes

A partir de 2007, ensino médio demandará profissionais; sindicato prevê 30 mil vagas

RENATA DE GÁSPARI VALDEJÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Gustavo Gomes Santos, 25, formou-se em ciências sociais na USP há três anos. Mesmo sabendo das dificuldades do mercado de trabalho, não abriu mão de seu sonho: a docência. Fez mestrado, iniciou o doutorado, mandou currículos, mas o espaço que encontrou foi em pesquisa, no Centro Brasileiro de Análise e Planejamento.
Uma recente decisão do Conselho Nacional de Educação (CNE) pode, finalmente, proporcionar ao jovem sociólogo a chance de dar à carreira o rumo que pretendia. As disciplinas de filosofia e ciências sociais passarão, a partir de 2007, a ser obrigatórias no currículo do ensino médio em todo o país.
"Minha idéia inicial era dar aulas só em universidades, mas o campo está muito restrito", afirma ele, que, no mês que vem, começa a cursar a licenciatura na USP, paralelamente ao doutorado. "É para abrir o leque de opções", explica.

Em SP, só filosofia
Antes da determinação do CNE, anunciada neste mês, 17 Estados já haviam decidido reincorporar as duas disciplinas a seus currículos.
Em São Paulo, as 3.718 unidades com ensino médio da rede pública oferecem, desde 2005, filosofia como disciplina obrigatória nos dois primeiros anos. No terceiro, a escola opta por sociologia ou psicologia.
"Estávamos tentando uma audiência com a secretária da Educação para pedir uma resolução que tornasse sociologia obrigatória também, mas não será mais necessário", comemora Lejeune Mato Grosso, vice-presidente do Sinsesp (sindicato estadual dos sociólogos).
O sindicato estima que, com o anúncio, deverão ser criados 30 mil postos de trabalho no país para ambas as carreiras.
Mato Grosso ressalta, porém, que ainda há uma reivindicação a ser feita: "É importante que a carga horária mínima de cada disciplina seja de duas horas/aula por semana", diz. Segundo a secretaria, a questão está sendo estudada.

Mudança em curso
"Essa medida vem ao encontro da modificação geral pela qual vem passando a carreira no país", comemora o presidente do Anpof (Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia), João Carlos Salles. Para ele, outro fator positivo será o conseqüente aumento na qualidade da graduação.
Já para Roberto Bolzani Filho, 46, coordenador do curso de filosofia da USP, "criou-se uma demanda muito grande, mas não há oferta de profissionais para supri-la". "Nossa unidade precisará incluir em suas metas a formação do professor de ensino médio. Nosso perfil sempre foi o de formar pesquisadores. Teremos de aperfeiçoar nosso curso", avalia.
A USP já providencia uma reformulação nos seus cursos de licenciatura, que deverá entrar em vigor a partir de 2007.


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