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MAPA MENTAL
Avaliação em concurso pode ser discutida na Justiça
Candidatos, porém, esbarram em cláusula de sigilo de perfil profissional
DA REPORTAGEM LOCAL
Se, em processos seletivos de
empresas, a maioria dos candidatos não tem acesso aos laudos dos testes psicotécnicos e,
por isso, não pode questionar
seus resultados, em concursos
públicos, as avaliações podem
ser contestadas na Justiça.
Os candidatos têm direito a
uma sessão com um psicólogo
para o conhecimento de parte
do resultado e podem ingressar
com um mandado de segurança
para serem empossados, caso a
reprovação tenha sido motivada pelo exame psicológico.
A garantia legal, entretanto,
esbarra na dificuldade que o
concursando tem de obter o
laudo na íntegra, de acordo
com a advogada Imara Daloni
Pereira da Silva.
"A justificativa que dão é que
o perfil do profissional desejado para o cargo é sigiloso. Então, como podemos fundamentar o recurso?", questiona.
Alessandra Kalil, psicóloga
da Polícia Federal, confirma
que os traços psicológicos do
candidato são sigilosos por
uma questão de segurança.
"Existe um perfil profissiográfico para cada cargo, que
elenca todos os requisitos psicológicos, físicos e mentais necessários para ocupá-lo. Seria
fácil o candidato moldar-se para se encaixar nele", explica.
Em 2007, o Ministério Público Federal entrou com uma
ação civil pública para que
constem dos editais os testes
aplicados e os caracteres avaliados. Segundo a Folha apurou,
não há avanço no processo.
Para o juiz do trabalho Luciano Augusto de Toledo Coelho, que é também bacharel em
psicologia, a pessoa que foi submetida à avaliação tem direito
ao laudo tanto pelo Código
Civil como pelo Código de Defesa do Consumidor.
"Pouco heterossexual"
Em 2006, um delegado da
Polícia Federal foi empossado
no cargo, 13 anos depois de passar no concurso público. Ele
havia sido reprovado em um
teste psicológico que media a
"escala de heterossexualidade".
De acordo com o psicólogo
organizacional Antonio Brito, o
teste avalia a energia agressiva
do candidato, comparada à
quantidade de atividade sexual.
"Quanto menor for a atividade
sexual, mais agressivo ele será."
O psicólogo, contudo, contesta a validade desse instrumento. "Para que saber quantas vezes ele tem relações?"
De acordo com o Conselho
Federal de Psicologia, o instrumento é inválido.
Segundo Alessandra Kalil, da
Polícia Federal, o teste não é
aplicado desde 1993. Ela afirma
que, após o ingresso na polícia,
não é feita nenhuma avaliação
psicológica nos profissionais.
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