|
Próximo Texto | Índice
CAFÉ COM O PRESIDENTE
Encontro aproxima funcionário da cúpula
Programas devem ter regras claras e retornos sobre reivindicações
MARIANA IWAKURA
DA REPORTAGEM LOCAL
Se você e seus colegas de departamento pudessem pedir
um regalo de Natal ao presidente da empresa, o que seria?
E, ao contrário, o que dariam
ao todo-poderoso em troca?
Para responder a essa pergunta, a Folha acompanhou os
encontros entre presidentes,
CEOs (principal executivo) ou
diretores e alguns de seus funcionários em três empresas.
Ao contrário do que se pode
imaginar, aumento de salário
e promoção não foram o foco
nessas ocasiões (leia mais nas
páginas 3 e 5). Mudanças estratégicas da organização e planos
para o próximo ano foram os
alvos das discussões.
Na tentativa de diminuir a
distância da força de trabalho e
desmistificar a figura do poder,
muitos presidentes ou altos
executivos investem em programas similares, que promovem encontros periódicos entre funcionários e cúpula.
"As pessoas gostam de ser
ouvidas. O empregado assume
uma posição de manifestação,
não uma atitude passiva",
aponta Elza Fátima Rosa Veloso, gerente do levantamento de
melhores empresas para trabalhar feito pela FIA (Fundação
Instituto de Administração).
Segundo o levantamento de
2007, as dez primeiras colocadas têm programas com conversas estruturadas e periódicas entre líderes e empregados.
No rol das 150 melhores para
trabalhar, 77% têm a prática.
Entre as que não entraram na
lista, 44% fazem os encontros.
"É uma estratégia para melhorar o vínculo dos empregados com a organização. Eles
contribuem mais", diz Veloso.
Segundo Patrícia Molino, sócia da consultoria KPMG, esse
tipo de iniciativa é indicado para empresas grandes, em que a
base não tem contato com o
presidente, ou para companhias que eram pequenas mas
que cresceram rapidamente.
Cultura
Para que programas assim
sejam eficientes, entretanto, a
cultura da empresa e o perfil do
presidente e dos executivos devem comportar a proximidade.
"Alguns presidentes têm
uma natureza de maior aproximação e o fazem com conforto.
Outros, não", ressalta Marta
Campello, professora da Fundação Dom Cabral.
No Grupo Pão de Açúcar,
Abilio Diniz, presidente do
conselho de administração,
realiza o encontro "Fale com o
Abilio", em que funcionários
têm a chance de conhecer essa
pessoa que vêem em revistas.
"Ele brinca, deixa todos à
vontade", conta Maria Aparecida Fonseca, diretora-executiva
de RH do grupo. "Mas não pode
cair no "oba-oba': deve haver
retorno [das reivindicações]."
O sucesso do programa está
aliado também à manutenção
das regras divulgadas aos funcionários -como a periodicidade ou o número de convidados.
"Os encontros eficazes têm
um desenho claro e não são interrompidos", conclui Molino.
Próximo Texto: Café com diretor inclui departamento de RH e registro das reclamações Índice
|