São Paulo, domingo, 24 de janeiro de 2010

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4 vezes São Paulo

Conheça histórias de 4 profissionais que amam viver e trabalhar na metrópole

Letícia Moreira /Folha Imagem
Laércio Abílio

INDÚSTRIA

Uruguaio troca Rio e Miami por reuniões no trânsito

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Uruguaio, Francisco Itzaina, 62, é presidente da Rolls-Royce da América do Sul. Seu escritório fica no Rio de Janeiro, mas ele prefere morar em São Paulo e vive "no sentido contrário da ponte aérea", diz. Na cidade há 35 anos, ele recorda: "Sempre apostei no Brasil, quem me conhece sabe".
Além do Rio, Itzaina também já dispensou Miami quando trabalhava em outra multinacional. "Preferi o escritório secundário porque ficava aqui", lembra.
Entre suas preferências estão "a gastronomia de São Paulo e o espírito trabalhador do brasileiro".
Diferentemente da maioria, que teme o trânsito local, Itzaina não se incomoda em dirigir por aqui -e afirma até gostar. "O carro eu mesmo dirijo. Tenho viva-voz e consigo fazer parte do trabalho em reuniões por telefone. Esse tempo eu não perco."

CONSTRUÇÃO CIVIL

Paulistano sai do canteiro e vira empresário

"Bebeu a água de São Paulo, não volta mais" é a frase que Laércio Abílio, 56, mais ouvia na década de 1970 nos canteiros de obra de São Paulo.
Paulistano, "nascido e vivido" na Vila Esperança (zona leste), ele conviveu com os migrantes nordestinos que ajudaram a construir a cidade.
Antes assistente de hidráulica, quebrava paredes para que o especialista fizesse a instalação dos encanamentos. Agora, tem a Abílio Hidráulica e Elétrica, com 70 funcionários.
O próximo desafio é tornar-se construtor: está na sua primeira construção própria, duas casas geminadas no bairro em que mora. Logo ele, que vive com a família na casa em que morava com a mãe.
"De empregado para patrão, o que muda é a responsabilidade. Eu mesmo não me defino como empregado", reflete.

CULTURA

Designer troca a Lapa boêmia do Rio pela operária de SP

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Juliana Spinola, 29, é uma free-lancer que sobrevive na natureza abundante do mercado de trabalho paulistano.
Largou as festas no Rio e entrou de tailleur no mundo corporativo como vendedora de uma multinacional.
A estreia foi com o estágio em design, mas logo viu que "onde se ganhava melhor" era no setor de vendas. "Pedi para mudar para lá."
À medida que descobria que a grana ergue coisas belas, passou ela mesma a querer fazer beleza: curtas-metragens, fotos, layouts, teatro. A aberta veia cultural da cidade, e não em salas fechadas, era por onde queria fluir.
"A impressão que dá é que São Paulo é tão grande que tem espaço para todo mundo, no que quer que seja."
Chegou a abrir uma empresa. "Mas, quando vi que estávamos querendo sala de reunião, estagiário e café, resolvi largar tudo. Agora, sou "frila'", diz a carioca, hoje designer, fotógrafa e moradora fiel do tradicional bairro -paulistano- da Lapa.

GASTRONOMIA

"Aqui as pessoas estão abertas a novos sabores"

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Cenia Salles não diz a idade, mas seu trabalho ajuda o paulistano a encontrar alimentos rejuvenescedores e saudáveis quando é a hora de comer fora de casa.
Consultora de gastronomia e líder do "Slow Food" -um movimento que prega a alimentação saudável e ecológica- na cidade, Salles conhece as feiras orgânicas e faz o meio de campo entre os pequenos produtores do interior e os chefs da capital.
Para ela, a possibilidade de manter os conhecimentos profissionais em dia também é relevante. Por isso, é presença constante em eventos do setor. "Não faltei a um dia do evento "Entre Estantes e Panelas", da Livraria Cultura, no ano passado", orgulha-se.
"São Paulo é tão "fast" [rápida], mas ao mesmo tempo muito diversa, o que permite a existência desse movimento aqui", fala, inspirada. "Aqui as pessoas estão abertas a novos sabores", destaca.


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