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Mudança exige que profissional se torne gerente de si mesmo
Organização e responsabilidade são elementos-chave
Marcelo Justo/Folha Imagem
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Marcelo Cruz, que sentiu falta da "vida social' no "home office' e voltou a trabalhar na empresa |
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Mais do que à simples mudança do local de trabalho, o
comportamento de empresas e
profissionais deve se ajustar às
novas relações de trabalho que
a tecnologia está delineando.
Exige-se agora que o colaborador seja gerente de si mesmo, e,
ao gestor, cabe o desafio de
mudar a forma com que supervisiona e motiva suas equipes.
O que importa atualmente é
o resultado -e a agilidade com
que ele é atingido-, destaca a
socióloga Daniela Alves, especialista em mudanças sociotécnicas e trabalho. "O controle
sobre os profissionais que
atuam fora dos escritórios é
focado na produtividade -e
não mais nas horas dispensadas para executar tarefas", diz.
Para Alves, esse novo tipo de
supervisão requer um "engajamento subjetivo do trabalhador", que deve manter sua
atenção em metas e prazos.
Como consequência disso,
completa, o profissional muitas
vezes acaba por trabalhar mais
do que as padronizadas oito horas diárias. "Mas eles não reclamam desse excesso, uma vez
que podem organizar o trabalho da maneira como bem entenderem", pondera.
No caso da gerente de planejamento de vendas Célia Lima,
essa reorganização incluiu
mais tempo para ficar perto do
filho de quatro anos, razão pela
qual convenceu seu chefe
a deixá-la trabalhar em casa.
Como o cargo exige que a
executiva se relacione com pessoas de outros países -que seguem outros fusos horários-, a
liberdade para administrar
seus afazeres fez com que tivesse mais tempo para a família.
"As duas horas e meia que eu
gastava todo dia para me locomover ao escritório são todas
do meu filho", conta satisfeita.
Em situações como essa, avaliam especialistas ouvidos pela
Folha, organização e responsabilidade tornam-se as características fundamentais para que
os profissionais consigam
atender às expectativas de seus
contratantes, sem comprometer o ambiente familiar.
Mais agilidade
Na avaliação da psicóloga e
consultora de recursos humanos Priscila Oliveira, muitos
profissionais optam por trabalhar a distância por se sentirem
menos ágeis quando estão
no ambiente corporativo.
"Diversas empresas ainda
estabelecem protocolos que
limitam as ferramentas de comunicação e o acesso à informação dos colaboradores, como bloqueio a sistemas de
mensagem instantânea e páginas de internet", exemplifica.
O programador Eduardo Veríssimo, 31, deixou o ambiente
corporativo justamente por se
sentir "tolhido pelas regras" estipuladas pelas empresas. Após
11 anos batendo cartão, resolveu apostar no trabalho em casa, como prestador de serviços.
A aposta, diz, deu certo:
"Mesmo vivendo com os meus
pais e os meus avós, estou satisfeito com a mudança".
(PN)
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