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ENTREVISTA
BILL GEORGE
Crise pede promoção de liderança autêntica
Líderes autênticos -com caráter próprio e foco em
desenvolvimento de pessoas- são essenciais na crise,
afirma Bill George, professor da Harvard Business
School e ex-CEO da Medtronic (tecnologia médica).
Para ele, líderes que "comandam e controlam" são
responsáveis pelas dificuldades de diversas empresas
americanas. George participará do Fórum Mundial de
Liderança e Alta Performance, promovido pela HSM
entre 2 e 3 de junho, em São Paulo.
(MARIANA IWAKURA)
FOLHA - O que é o líder autêntico?
BILL GEORGE - São pessoas genuínas, que lideram tanto com
seus corações como com suas
cabeças, baseadas no seu caráter e nos seus valores. São compromissadas com dar aos outros e servi-los, e não com o que
podem ganhar. Admitem seus
erros e são responsáveis por
suas ações. Elas empoderam
outros líderes e constroem relacionamentos de longo prazo.
FOLHA - Esses líderes autênticos
são comuns?
GEORGE - São bem comuns,
mas nós -tanto os diretores
como os eleitores e a mídia-
valorizamos as qualidades mais
carismáticas. Mas, dentro das
companhias, há centenas de líderes excelentes. Precisamos
encorajá-los a serem quem são.
FOLHA - Como esse tipo de liderança pode ser identificado?
GEORGE - As pessoas que são
responsáveis por selecionar líderes podem escolher pessoas
que são autênticas e, francamente, não promover aqueles
que estão tentando impressionar, os falsos. E focar o desenvolvimento de líderes que têm
qualidades autênticas e reais.
FOLHA - Há um sistema para avaliar a liderança autêntica de maneira
mais objetiva?
GEORGE - Sim. O melhor sistema é a avaliação 360º. Obtém-se "feedback" de subordinados e
colegas sobre líderes. Isso tende a ser um quadro mais exato.
FOLHA - Na Medtronic, o sr. obteve
muito bons resultados. Como trabalhou a liderança para chegar a isso?
GEORGE - Os números são importantes. Mas é uma questão
de criar valor sustentável para
os clientes, os empregados e os
acionistas. A medida do bom líder é essa, e não o valor da ação
em um determinado momento.
FOLHA - Esse tipo de preocupação
é diminuída em tempos de crise?
GEORGE - Na crise atual, é essencial haver esse tipo de líder.
O que vemos é o líder do tipo
"comanda e controla" e os líderes que focam o curto prazo. É
por isso que muitas instituições
norte-americanas estão falidas
-tiveram o tipo errado de liderança. Não é só uma falha financeira, é uma falha de quem
fez um péssimo trabalho em
sustentar a companhia para o
longo prazo. Devemos responsabilizá-los por suas falhas, que
custaram dinheiro e empregos.
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