São Paulo, domingo, 24 de maio de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ENTREVISTA
BILL GEORGE


Crise pede promoção de liderança autêntica

Líderes autênticos -com caráter próprio e foco em desenvolvimento de pessoas- são essenciais na crise, afirma Bill George, professor da Harvard Business School e ex-CEO da Medtronic (tecnologia médica). Para ele, líderes que "comandam e controlam" são responsáveis pelas dificuldades de diversas empresas americanas. George participará do Fórum Mundial de Liderança e Alta Performance, promovido pela HSM entre 2 e 3 de junho, em São Paulo. (MARIANA IWAKURA)

 

FOLHA - O que é o líder autêntico?
BILL GEORGE -
São pessoas genuínas, que lideram tanto com seus corações como com suas cabeças, baseadas no seu caráter e nos seus valores. São compromissadas com dar aos outros e servi-los, e não com o que podem ganhar. Admitem seus erros e são responsáveis por suas ações. Elas empoderam outros líderes e constroem relacionamentos de longo prazo.

FOLHA - Esses líderes autênticos são comuns?
GEORGE -
São bem comuns, mas nós -tanto os diretores como os eleitores e a mídia- valorizamos as qualidades mais carismáticas. Mas, dentro das companhias, há centenas de líderes excelentes. Precisamos encorajá-los a serem quem são.

FOLHA - Como esse tipo de liderança pode ser identificado?
GEORGE -
As pessoas que são responsáveis por selecionar líderes podem escolher pessoas que são autênticas e, francamente, não promover aqueles que estão tentando impressionar, os falsos. E focar o desenvolvimento de líderes que têm qualidades autênticas e reais.

FOLHA - Há um sistema para avaliar a liderança autêntica de maneira mais objetiva?
GEORGE -
Sim. O melhor sistema é a avaliação 360º. Obtém-se "feedback" de subordinados e colegas sobre líderes. Isso tende a ser um quadro mais exato.

FOLHA - Na Medtronic, o sr. obteve muito bons resultados. Como trabalhou a liderança para chegar a isso?
GEORGE -
Os números são importantes. Mas é uma questão de criar valor sustentável para os clientes, os empregados e os acionistas. A medida do bom líder é essa, e não o valor da ação em um determinado momento.

FOLHA - Esse tipo de preocupação é diminuída em tempos de crise?
GEORGE -
Na crise atual, é essencial haver esse tipo de líder. O que vemos é o líder do tipo "comanda e controla" e os líderes que focam o curto prazo. É por isso que muitas instituições norte-americanas estão falidas -tiveram o tipo errado de liderança. Não é só uma falha financeira, é uma falha de quem fez um péssimo trabalho em sustentar a companhia para o longo prazo. Devemos responsabilizá-los por suas falhas, que custaram dinheiro e empregos.


Texto Anterior: Melhor em equipe
Próximo Texto: Vagas: ONG abre 1.800 postos para a área musical
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.