S?o Paulo, domingo, 24 de julho de 2011

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Deficiente graduado perde espaço

Número de profissionais com ensino superior no mercado cai 28,2% nos últimos três anos

CAMILA MENDONÇA
DE SÃO PAULO

O número de pessoas com deficiência com ensino superior completo ou pós-graduação no mercado formal de trabalho caiu 28,2% nos últimos três anos. Entre profissionais de todas as escolaridades, a queda foi de 12,3%.
Em 2007, quando o MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) começou a analisar esse mercado, 51.676 empregados tinham de graduação a doutorado. No ano passado, eles totalizavam 37.103.
A queda na absorção de profissionais com ensino superior completo ou pós ocorre apesar da reclamação constante das companhias da falta de qualificação dos trabalhadores para cumprir a Lei de Cotas (leia ao lado). "Poucas empresas abrem vaga com alto grau de exigência", diz a superintendente do Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Teresa Costa d'Amaral.
Camila Isoldi Seabra, 33, que nasceu sem a perna direita e usa prótese, está desempregada há mais de dois anos. A profissional tem diploma de curso superior em psicologia e em pedagogia. "Por todo lugar que passei, é como se eu não tivesse credibilidade profissional", conta.
Com uma pós em direito tributário encaminhada, o advogado Breno Close D'Angelo de Carvalho, 40, conta que conseguia ocupações administrativas. Agora, ele tem o próprio escritório.
"Chegaram a me contratar como analista tributário, mesmo eu tendo deixado claro que não tinha conhecimentos contábeis." Resultado: foi demitido em 45 dias.
Carvalho é cadeirante desde 1999, quando reagiu a um assalto em São Paulo.

FORA DO MERCADO
Mesmo se fosse cumprida integralmente, a Lei de Cotas excluiria mais de 5 milhões de profissionais, concluiu o economista Vinícius Gaspar Garcia, em seu doutorado, defendido neste ano na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
"A lei geraria cerca de 900 mil vagas por ano, mas temos 6 milhões de pessoas [com deficiência em idade ativa]." Entre profissionais aptos, 5% estão no mercado formal.
O secretário municipal da Pessoa com Deficiência de São Paulo, Marcos Belizário, diz que o baixo número de empregados mostra despreparo do mercado. "As empresas correm para cumprir a cota após a fiscalização", diz.


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