São Paulo, domingo, 25 de janeiro de 2004

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Mesmo com cinco indicados por vaga, centros não conseguem preencher postos de trabalho

Falta de qualificação elimina 87%

Fernando Moraes/Folha Imagem
Candidatos do Centro de Solidariedade; à frente, Denise Murata, que concorre a vaga de estágio


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As centrais de vagas são uma boa opção para descobrir um emprego adequado ao seu perfil e entrar numa disputa menos acirrada -já que os serviços só enviam cinco candidatos por vaga. Mas isso não é garantia de sucesso.
Quem dá a palavra final é a empresa contratante, e, por isso, os critérios tradicionais, velhos conhecidos dos desempregados, continuam valendo. Resultado: como muitas vezes falta qualificação, a vaga não é preenchida.
Das 3.000 pessoas que conseguem uma das senhas distribuídas diariamente na unidade da Liberdade (centro de São Paulo) do Centro de Solidariedade ao Trabalhador, cerca de 1.500 são encaminhadas a uma vaga, e 400 (13,3% delas) são contratadas, segundo a entidade. Já a Sert diz que, no ano passado, foi procurada por 1,073 milhão de pessoas, das quais 800 mil concorreram a vagas e 132 mil foram admitidas.
A dinâmica é simples. Comparecendo aos postos de atendimento, o profissional é atendido por um funcionário e faz seu "cadastro inicial", que, na prática, é um currículo que será armazenado no sistema da central.
No computador, os programas exigem o preenchimento de dados como ocupação profissional, escolaridade, experiência e idiomas. Feito isso, basta um clique para que o sistema cruze as informações com os registros de vagas feitos pelas empresas parceiras.
A nova tela traz uma lista de oportunidades para as quais o trabalhador estaria apto. Cabe agora, com a ajuda do atendente, escolher uma, e somente uma, daquelas vagas para concorrer.
Feito isso, o profissional deixa o posto com uma carta (chamada "encaminhamento"), que indica os dados da empresa e o prazo para entrar em contato (em geral, 48 horas). Após entrevistar os cinco candidatos, a empresa pode contratar um deles ou solicitar à central que o processo seja reiniciado.

Desfechos
"Quando você entra na fila, tudo pode acontecer", diz Manoel Ribeiro Cardoso, 47, que busca vaga de pedreiro. "Fui umas oito vezes ao centro [de Solidariedade ao Trabalhador] e outras quatro vezes à Sert. Saí com encaminhamentos, mas não deram certo."
Já a estudante de administração de empresas Rebeca Romi Papa Tozzo, 28, foi a um posto da Sert uma única vez e, na primeira entrevista, ganhou um estágio. "Em cinco dias, fui chamada para trabalhar", conta ela. "Vários amigos se cadastraram", emenda.
Na última quarta-feira, no Centro de Solidariedade, a Folha acompanhou a trajetória de alguns profissionais. A advogada Ligya Rodrigues, 34, queria atuar em departamentos jurídicos, mas escolheu vaga de corretora de seguros. Denise Murata, 23, estudante de arquitetura, saiu animada com a indicação para um estágio com salário de R$ 1.200.
A administradora de empresas Jacira Bispo, 25, disse que aceitava até vaga de auxiliar administrativa, mas ficou com encaminhamento para vaga de promoção em corredores de supermercado.
Se de um lado existe quem enfrenta a fila e não consegue nada, há também vagas sem interessado. Na semana passada, o departamento de captação do Ceat (Centro Arquidiocesano do Trabalhador) tinha uma vaga para veterinário, com salário de R$ 2.000 -ninguém foi encaminhado. Não havia candidatos.



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