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Corte de Vagas
Demitido tem chance em searas alternativas
Indústria aumenta cortes, mas subsetores demandam pessoas
ANDRÉ LOBATO
NATALIE CATUOGNO CONSANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Em dezembro, foram cortadas 655 mil vagas formais no
país -redução puxada pela
indústria de transformação,
que fechou 273 mil postos.
O anúncio, feito pelo Ministério do Trabalho e Emprego
no início da semana passada,
traz à tona a preocupação desses e de milhares de outros desempregados: onde e como podem conquistar recolocação.
Para traçar essas possibilidades, a Folha consultou especialistas, sindicatos e associações
sobre os possíveis percursos
para encontrar um posto.
O caminho pode estar no
próprio setor de atuação do
profissional, em outras áreas
ou em segmentos da economia
menos afetados pela crise.
Segundo Marcio Pochmann,
presidente do Ipea (Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada), o desempregado tende a se
isolar. No entanto, a busca por
emprego dá mais resultado se
feita "em equipe". "Não se
podem esquecer os eventos
sociais, do aniversário do filho
à reunião sindical", ressalta.
Indústria
O setor industrial, ainda que
tenha cortado o maior número
de vagas, tem alternativas para
quem busca emprego.
"Setores vinculados ao mercado interno e associados ao
PAC [Programa de Aceleração
do Crescimento] e à informática devem oferecer vagas neste
ano", afirma Clemente Ganz
Lúcio, diretor técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Sócio-Econômicos).
"Um metalúrgico pode migrar para áreas que crescem a
longo prazo, como a indústria
naval, e buscar oportunidades
na construção de estradas", diz
Valter Sanches, da Confederação Nacional dos Metalúrgicos.
O trajeto para uma nova vaga, no entanto, quase sempre
passa pela qualificação.
Josenildo Dias Santos, 33,
que operava máquinas da indústria automobilística e foi
demitido no início do mês, planeja mudar de área. "Busco um
curso para me qualificar na instalação de cabos telefônicos."
No segmento alimentício -o
subsetor da indústria de transformação que mais fechou vagas-, a ideia de recuperação é
compartilhada pela maioria
das associações e dos sindicatos ouvidos pela Folha.
Para José Eduardo dos Santos, secretário-executivo da
Associação Gaúcha de Avicultores, o trabalhador que foi demitido deve procurar qualificação, "sempre bem-vinda".
"Há carência de mão-de-obra com mais escolaridade,
que seja capaz de operar máquinas mais sofisticadas, como
as com GPS", destaca Flavio
Viegas, presidente da Associação Brasileira de Citricultores.
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