São Paulo, domingo, 25 de fevereiro de 2007

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AUMENTO EM QUEDA

Cobrir a inflação é a principal meta

Reajuste médio em 2006 foi de 4,94%; ganho real foi próximo ao de 2005, aponta o Datafolha

ANDRESSA ROVANI
DA REPORTAGEM LOCAL

Você se lembra de quanto foi o aumento no seu salário em 2006? Ou avalia que ele nem sequer é digno de lembrança? Se a segunda pergunta está mais próxima de sua realidade, saiba que não está só: reajustes salariais em grandes proporções estão com os dias contados -sobretudo para ocupações de nível médio e da indústria.
Levantamento do Instituto Datafolha com 418 cargos negociados em 2006 aponta que a média de reajuste salarial no ano passado foi de 4,94%. Havia sido de 7,29% em 2005. Em ambos os casos, o ganho real foi semelhante: 2,4 e 2,7 pontos percentuais, respectivamente.
O cargo de retificador de produção é um dos que nem sequer recuperaram as perdas: subiu 2,05% -a inflação, no caso do IPC-Fipe, foi de 2,55%. Já o posto com o maior reajuste, o de supervisor de turno, do mesmo setor, recebeu 8,73%.
O que faz com que cargos de mesmo nível como esses tenham reajustes tão diferentes é, na avaliação de especialistas, o poder de negociação de cada representação sindical.
"As categorias mais representativas, por meio de seus sindicatos, têm mais poder de negociação", diz o professor de direito do trabalho da PUC-SP Renato Rua de Almeida.
Os sindicatos de trabalhadores, contudo, perderam parte de sua força com a redução da inflação, e hoje os acertos promovidos pelas convenções coletivas entre trabalhadores e empresários estão focados em uma reivindicação: a recuperação inflacionária do salário.
"As possibilidades macroeconômicas restringem a negociação", afirma Roberto Ferraiuolo, presidente do Sitivesp (sindicato do setor de tintas e vernizes). "Deve-se entender quando a economia suporta ou não [um aumento real]."
Um indício de que a inflação se tornou um sinalizador é que, no primeiro semestre de 2006, 74,3% das negociações se igualaram ou superaram o índice em, no máximo, dois pontos percentuais, aponta o Dieese.
"As empresas estão procurando conceder aumento por formas que não impliquem custo e reflexos em sua folha de pagamento", explica Almeida.
Ele acrescenta: "Elas estão passando por processos de reorganização produtiva. Os sindicatos não "esticam a corda" [aumentam as exigências] por causa do desemprego".

No topo
Nem todos, contudo, têm do que reclamar. A chefe de recepcionistas do Quality Suítes Vila Olímpia, Manuela Teixeira, 26, por exemplo, conta que obteve reajuste "bastante animador".
A categoria em que trabalha teve um dos índices mais altos entre os pesquisados, de 6,28%.
Graduada em turismo e recém-promovida, ela trabalha há seis anos na área e não pretende mudar: "A hotelaria reconhece cada vez mais o talento de seus profissionais".


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