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AUMENTO EM QUEDA
Cobrir a inflação é a principal meta
Reajuste médio em 2006 foi de 4,94%; ganho real foi próximo ao de 2005, aponta o Datafolha
ANDRESSA ROVANI
DA REPORTAGEM LOCAL
Você se lembra de quanto foi
o aumento no seu salário em
2006? Ou avalia que ele nem
sequer é digno de lembrança?
Se a segunda pergunta está
mais próxima de sua realidade,
saiba que não está só: reajustes
salariais em grandes proporções estão com os dias contados
-sobretudo para ocupações
de nível médio e da indústria.
Levantamento do Instituto
Datafolha com 418 cargos negociados em 2006 aponta que
a média de reajuste salarial no
ano passado foi de 4,94%. Havia sido de 7,29% em 2005. Em
ambos os casos, o ganho real foi
semelhante: 2,4 e 2,7 pontos
percentuais, respectivamente.
O cargo de retificador de produção é um dos que nem sequer
recuperaram as perdas: subiu
2,05% -a inflação, no caso do
IPC-Fipe, foi de 2,55%. Já o
posto com o maior reajuste, o
de supervisor de turno, do mesmo setor, recebeu 8,73%.
O que faz com que cargos de
mesmo nível como esses tenham reajustes tão diferentes
é, na avaliação de especialistas,
o poder de negociação de cada
representação sindical.
"As categorias mais representativas, por meio de seus
sindicatos, têm mais poder de
negociação", diz o professor
de direito do trabalho da PUC-SP Renato Rua de Almeida.
Os sindicatos de trabalhadores, contudo, perderam parte
de sua força com a redução da
inflação, e hoje os acertos promovidos pelas convenções coletivas entre trabalhadores e
empresários estão focados em
uma reivindicação: a recuperação inflacionária do salário.
"As possibilidades macroeconômicas restringem a negociação", afirma Roberto Ferraiuolo, presidente do Sitivesp
(sindicato do setor de tintas e
vernizes). "Deve-se entender
quando a economia suporta
ou não [um aumento real]."
Um indício de que a inflação
se tornou um sinalizador é que,
no primeiro semestre de 2006,
74,3% das negociações se igualaram ou superaram o índice
em, no máximo, dois pontos
percentuais, aponta o Dieese.
"As empresas estão procurando conceder aumento por
formas que não impliquem
custo e reflexos em sua folha de
pagamento", explica Almeida.
Ele acrescenta: "Elas estão
passando por processos de
reorganização produtiva. Os
sindicatos não "esticam a corda"
[aumentam as exigências] por
causa do desemprego".
No topo
Nem todos, contudo, têm do
que reclamar. A chefe de recepcionistas do Quality Suítes Vila
Olímpia, Manuela Teixeira, 26,
por exemplo, conta que obteve
reajuste "bastante animador".
A categoria em que trabalha
teve um dos índices mais altos
entre os pesquisados, de 6,28%.
Graduada em turismo e recém-promovida, ela trabalha
há seis anos na área e não pretende mudar: "A hotelaria reconhece cada vez mais o talento de seus profissionais".
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