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VIDAS SEM RUMO
Novatos procuram ONGs para se firmar como profissionais
Na falta de apoio escolar, especialistas apontam as entidades como caminho para expandir horizontes
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O contato com o trabalho de
uma ONG (organização não-governamental) pode fazer a
diferença para que parte dos jovens não desista de procurar
um emprego e permaneça na
luta para ganhar algum dinheiro sem cair na marginalidade.
É o caso de Leandro Lopes,
18, que participa das ações educacionais da Associação Eremim, em Osasco, desde 1999.
Ele começou a trabalhar menino, aos oito anos de idade.
Já cuidou de carros em estacionamentos, trabalhou em ferro-velho, lava-rápidos e gráficas e
ajudou a descarregar caminhões na Ceagesp de São Paulo.
Conviveu com a exploração,
como no primeiro lava-rápido
em que trabalhou, onde o proprietário lhe pagava a quantia
de R$ 0,50 por automóvel lavado. Também afirma ter sofrido
"preconceito e violência".
Apesar de tudo, nunca parou
de estudar e de ter na entidade
uma referência. "Para mim, o
Eremim foi o alicerce. Na hora
que estava na corda bamba, desistindo, ele me alinhava", diz.
Hoje, Lopes é atendente da
ONG e vive com uma renda familiar de cerca de R$ 400, somado o dinheiro que o pai consegue como borracheiro.
O estudante Antonio Ulisses
de Moura Sousa, 20, também
percebeu mudanças nas suas
atitudes a partir do contato
com entidades como essa. "Passei a identificar meu valor e
meus direitos perante a sociedade", diz ele, que é monitor do
Instituto Criar de TV e Cinema.
Ambos são exemplos de jovens que aprenderam a confiar
em seu potencial. "Essas organizações civis ajudam as pessoas a ver que existem possibilidades. Vai contra o discurso
hegemônico que [diz que elas]
não existem", afirma o professor da USP Marcelo Ribeiro.
Para a coordenadora de juventude do Superação Jovem,
Sônia André, as ONGs ensinam
ao jovem a ser co-responsável
pela sua formação. Mas essa lição, afirma, "também deveria
ser aprendida nas escolas".
"Há, no ensino médio, um divórcio entre educação e trabalho", explica. "O sistema educacional deveria contribuir para o
desenvolvimento de competências como interpretação de
textos, trabalho em equipe,
gestão e autoconhecimento."
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