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artigo assinado
Diversidade é diferencial competitivo
Para especialista no tema, empresas brasileiras ainda devem aprender a lidar com inclusão
ANDRES TAPIA
ESPECIAL PARA A FOLHA
Diversidade e inclusão podem significar coisas diferentes
para pessoas diferentes ao redor do mundo. No meu trabalho global de diversidade, seja
na América Latina, seja na Europa, no Canadá, na Índia ou
nos Estados Unidos, tenho utilizado a seguinte definição:
"Diversidade é o "mix", inclusão
é fazer esse "mix" funcionar".
Desse modo, cada local pode
definir o que o "mix" significa e
se está funcionando ou não.
Nos Estados Unidos, ele pode
ser definido como sendo algo
sobre raça, sexo, deficiência física ou orientação sexual.
Na Índia, raça não consta
dessa lista -os itens mais proeminentes são religião, casta e
região geográfica.
No caso do Brasil, a lista parcial traz sexo, raça, gerações,
regiões nacionais ou globais e
deficiência. É esse o panorama
que procuro detalhar a seguir.
Mulheres
As mulheres estão [em massa] no mercado de trabalho há
uma ou duas gerações. Em muitos lugares, vemos um balanço
de 50% a 50% nessa mistura.
Mas esse "mix" está funcionando? Qual a representatividade delas no nível executivo?
Não é segredo que o tratamento "igualitário" não atinge esses
níveis. Chegar lá é tortuoso.
As mulheres estão sendo pagas como os homens ao realizar
o mesmo tipo de trabalho?
Muitos artigos publicados na
América Latina -e o Brasil não
é uma exceção- identificam
um pagamento desigual.
Diversidade regional
A rivalidade bem conhecida
entre paulistas e cariocas -e
como muitos deles olham para
os que vêm do interior do país-
gera improdutividade dentro
do ambiente de trabalho.
Em discussão recente, um
grupo de funcionários de Minas Gerais me explicou como
seu moral é afetado por sentirem certas atitudes de superioridade de colegas e clientes das
grandes cidades. Isso afeta a
produtividade do conjunto.
Diversidade global
Na medida em que as multinacionais brasileiras continuam a espalhar seu alcance
global, aumentam a diversidade que terão de enfrentar e os
desafios culturais, assim como
os encontrados há décadas por
norte-americanos e europeus.
A regionalização do trabalho
corporativo na América Latina
está trazendo à tona diferenças
culturais entre profissionais do
Brasil e de países como o México, a Argentina e a Nicarágua.
Pessoas com deficiência
As empresas enfrentam
alguns problemas com a legislação recente que exige que
tenham um percentual mínimo
de funcionários com necessidades especiais.
Elas olham para um problema de infra-estrutura, como o
fato de seus prédios não oferecerem acesso a cadeiras de
rodas. As empresas declaram
ainda que não há profissionais
com a competência desejada
para preencher suas vagas.
Algumas empresas, contudo,
têm uma área de responsabilidade social e são proativas no
desenvolvimento dessas pessoas antes de contratá-las.
Outras estão descobrindo
alternativas para recebê-las e
para qualificá-las.
A geração digital
Esta geração desafiará a tradicional estrutura de trabalho.
Vejo minha filha de 15 anos.
Ela faz seus trabalhos de escola
no laptop sem fio, pesquisa na
internet, tem seis chats abertos
ao mesmo tempo, grava CDs
para ouvir música e fala ao telefone -tudo ao mesmo tempo.
Eu me pergunto se isso é possível. Ela diz que sim e tira notas boas. Em cinco anos, quando a geração dela entrar no
mercado de trabalho, as pessoas não estarão prontas para
lidar com suas expectativas,
que serão bem diferentes.
Diversidade racial
Esse aspecto é, ao mesmo
tempo, o mais e o menos óbvio
no Brasil. Há contradições sobre essa questão no país. Há
opiniões que indicam que isso
ainda é um problema e outras
dizem que é assunto resolvido.
Existe um debate crescente
sobre o lugar dos negros e se
eles têm oportunidades iguais
de educação e de trabalho.
Baseado no meu trabalho
global, se um assunto da diversidade é tido como problema, é
uma indicação de que a questão
está longe de ser resolvida.
Assim como no caso das pessoas com necessidades especiais, neste será preciso uma
combinação de fatores, todos
dirigidos por uma política social por parte do governo e pelo
comprometimento estratégico
por parte das corporações.
Impacto dos negócios
Um número crescente de
funcionários latino-americanos declara que a diversidade,
junto com o equilíbrio entre
trabalho e vida pessoal, é um fator fundamental na atração de
um ou outro empregador.
No estudo "Melhores Empregadores da América Latina
2005/2006", da Hewitt, uma
das cinco qualidades do melhor
empregador era o comprometimento com esses tópicos.
Questões de diversidade e inclusão são complexas, mas, para as empresas que sabem lidar
com isso, a recompensa será
uma vantagem competitiva primeiro para sobreviver e depois
para prosperar em um mercado
global cada vez mais difícil.
Andres Tapia é chefe mundial de diversidade da
consultoria Hewitt Associates
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