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Postos café com leite desmotivam deficientes
Sem chance de ascensão, profissionais buscam recolocação no mercado
JORDANA VIOTTO
DA REPORTAGEM LOCAL
Para cumprir a Lei de Cotas
de Deficientes, algumas empresas criam vagas de níveis operacionais -por vezes, ocupadas
por profissionais qualificados.
"Contratações assim não são
bem-sucedidas", diz Marinalva
da Silva Cruz, coordenadora do
Programa de Apoio à Pessoa
com Deficiência da Secretaria
Estadual do Emprego e Relações do Trabalho de São Paulo.
"O profissional fica estagnado, não tem chance de crescer."
Segundo ela, ou o funcionário
fica insatisfeito com a função e
busca recolocação ou a empresa fecha o posto de trabalho.
Leonardo Santos de Souza,
25, que não tem movimento na
perna esquerda, procurou outro emprego depois de três
anos sem promoção.
"Em plantões, substituía
profissionais de níveis mais altos e me sentia apto a desempenhar outras funções, mas a empresa dizia que a mudança não
seria aconselhável", afirma.
A estudante de psicologia Jucilene Braga, 29, também avalia
que, em algumas companhias,
a ascensão é restrita.
"Existem empresas que deixam você fazendo qualquer coisa, como se fosse "café com leite'", diz ela, que é cega e conta
com o auxílio de um cão-guia.
Na vaga atual, de auxiliar administrativa, Braga afirma ser
tratada de outra forma. "Aqui,
tomo decisões e tenho responsabilidades", analisa.
Souza também gosta do trabalho que tem hoje, em uma
empresa do ramo financeiro.
"Tenho oportunidade de crescer", analisa.
Na avaliação de Isabel Maior,
titular da Subsecretaria Nacional de Promoção da Pessoa
com Deficiência, o avanço só foi
possível graças à lei nº 8.213/
1991, conhecida como Lei de
Cotas (veja texto abaixo).
Mas só chamou a atenção do
mercado, quando a fiscalização
passou a ser feita, em 2000, segundo Maior. "Isso mostra que
a lei é imprescindível", afirma.
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