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CARREIRA TÉCNICA/CIENTÍFICA
Perfil administrador é aliado de primazia da formação técnica
Iniciativa privada admite característica de gerente; setor público exige doutorado e foco no longo prazo
MARIANA IWAKURA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Para uma trajetória ascendente em desenvolvimento de
tecnologia e pesquisa aplicada,
o básico é a excelência técnica.
Mas preencher apenas esse requisito não é suficiente.
Competitividade, comunicação e liderança são algumas das
características desejadas pelo
mercado que, muitas vezes,
distanciam esse profissional do
padrão introspectivo e exigem
mais habilidades gerenciais.
Antonio Ferreira, 40, foi promovido recentemente a gerente nacional de desenvolvimento de tecnologia da Monsanto
-o que, diz ele, triplicará a parte administrativa de seu trabalho e reduzirá funções técnicas.
Engenheiro agronômico e
mestre em genética de plantas,
Ferreira avalia que sua habilidade para lidar com pessoas,
adquirida no contato com o
produtor agrícola, valorizou-se.
"Liderança é fundamental.
É preciso ter empatia, dar
"feedback", auxiliar", explica.
Para Rafael Van Selow, gerente da divisão de TI da Michael Page, as empresas esperam um profissional que se comunique com outras áreas.
"Como há muita terceirização,
ele precisa saber negociar com
outras empresas", pontua.
Mestrado e doutorado, na
iniciativa privada, são raros
-os MBAs tendem a complementar a formação. Já em universidades e institutos de pesquisa do governo -em que o ingresso é feito por concurso público-, predominam doutores.
As diferenças entre iniciativa
privada e instituições públicas
por vezes se estendem ao foco
das pesquisas: a indústria exige
resultados bem mais rápidos.
As públicas têm mais tempo,
como exemplifica o diretor-presidente da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária), Silvio Crestana:
"Tecnologias de impacto na
agricultura levam até dez anos
desde a idéia até a venda".
A escolha pela carreira em
instituição pública esbarra em
algumas dificuldades. "Pelo lado financeiro, a carreira de pesquisa não compete com emprego em engenharia", avisa Carlos Emanuel de Souza, pesquisador do Laboratório Nacional
de Computação Científica.
Alguns sacrifícios também
serão pedidos. O vice-diretor
do Inpa (Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia), Wanderli Tadei, sentiu isso na pele:
"Já peguei malária oito vezes.
Somos parte do experimento".
Administrar a própria firma
é uma opção para o profissional
de perfil técnico/científico
-desde que se adapte à função.
Jorge Alberto Reis, 41, está
no fim do doutorado, já foi docente e é atualmente diretor-presidente da Ingresso.com.
Hoje seu foco é a empresa:
"Quero diversificar o mercado.
O futuro é vender pelo celular".
Os fundadores da Alellyx,
empresa de biotecnologia, vieram da academia. Segundo Jesus Ferro, diretor científico, no
início, houve dificuldades para
transformar cientistas em gestores de empresa. "Precisamos
ver o potencial de retorno financeiro de cada negócio. Nunca tínhamos feito isso", diz.
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