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saúde corporativa
Sem tratamento, fibromialgia pode interromper carreira
Doença, que acomete 5% das mulheres, não tem cura,
mas pode ser tratada com remédios e exercício físico
DA REPORTAGEM LOCAL
Há seis anos, quando as dores
começaram, a pedagoga Silvia
de Abreu Gaspar, 50, procurou
médicos, fez exames e submeteu-se até a uma artroscopia
(exame endoscópico articular).
Nenhum dos testes acusou a
doença. No entanto, as "agulhadas" pelo corpo continuavam.
O resultado veio no mesmo
ano: fibromialgia, que provocava nela não apenas dores como
também fadiga excessiva.
Com o resultado em mãos, a
então coordenadora-geral de
um colégio da capital paulista
reuniu professores e contou a
eles e aos alunos sobre a doença. "Por não ter nada que a evidencie fisicamente, a fibromialgia gera preconceito", diz.
O receio de quem tem a doença
é ser tomado por preguiçoso, já
que um dos principais sintomas é o cansaço excessivo.
Mesmo sob tratamento, não
conseguiu permanecer na escola. "Sentia dores agudas e
lancinantes. Era "raptada" [pela
família] para ir trabalhar."
Está afastada pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). "Sinto muita falta do meu
trabalho", lamenta. "Mas, há
seis anos, não sei o que é viver
um dia sem dor", desabafa.
Gaspar faz parte dos 5% de
mulheres que têm a doença, de
acordo com estatísticas mundiais. Já os homens somam
apenas 10% do total de doentes.
A maioria dos pacientes, no
entanto, não precisa se afastar
do emprego, de acordo com a
reumatologista Evelin Goldenberg, autora do livro "O Coração Sente, O Corpo Dói - Como
Reconhecer e Tratar a Fibromialgia". "Na maior parte dos
casos, não é preciso que o profissional pare de trabalhar, desde que receba tratamento."
O reumatologista Jamil Natour, professor da Unifesp
(Universidade Federal de São
Paulo), afirma que 30% das
pessoas com fibromialgia têm
problemas de depressão.
Por isso, afirma ele, "afastar-se
do emprego piora o prognóstico do paciente". "É recomendável continuar com as atividades
profissionais mesmo que venha
a sentir um pouco de dor."
Para quem tem a doença, incurável, e precisa de alternativas para minimizar a dor e continuar a trabalhar, os médicos
aconselham alguns cuidados.
Goldenberg recomenda
atenção especial ao mobiliário,
que deve ser ergonômico. Natour indica aos trabalhadores
que exercem movimentos repetitivos durante o dia que tentem trocar de função.
(RB)
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