São Paulo, domingo, 25 de junho de 2006

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saúde corporativa

Sem tratamento, fibromialgia pode interromper carreira

Doença, que acomete 5% das mulheres, não tem cura, mas pode ser tratada com remédios e exercício físico

DA REPORTAGEM LOCAL

Há seis anos, quando as dores começaram, a pedagoga Silvia de Abreu Gaspar, 50, procurou médicos, fez exames e submeteu-se até a uma artroscopia (exame endoscópico articular). Nenhum dos testes acusou a doença. No entanto, as "agulhadas" pelo corpo continuavam.
O resultado veio no mesmo ano: fibromialgia, que provocava nela não apenas dores como também fadiga excessiva.
Com o resultado em mãos, a então coordenadora-geral de um colégio da capital paulista reuniu professores e contou a eles e aos alunos sobre a doença. "Por não ter nada que a evidencie fisicamente, a fibromialgia gera preconceito", diz. O receio de quem tem a doença é ser tomado por preguiçoso, já que um dos principais sintomas é o cansaço excessivo.
Mesmo sob tratamento, não conseguiu permanecer na escola. "Sentia dores agudas e lancinantes. Era "raptada" [pela família] para ir trabalhar."
Está afastada pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). "Sinto muita falta do meu trabalho", lamenta. "Mas, há seis anos, não sei o que é viver um dia sem dor", desabafa.
Gaspar faz parte dos 5% de mulheres que têm a doença, de acordo com estatísticas mundiais. Já os homens somam apenas 10% do total de doentes.
A maioria dos pacientes, no entanto, não precisa se afastar do emprego, de acordo com a reumatologista Evelin Goldenberg, autora do livro "O Coração Sente, O Corpo Dói - Como Reconhecer e Tratar a Fibromialgia". "Na maior parte dos casos, não é preciso que o profissional pare de trabalhar, desde que receba tratamento."
O reumatologista Jamil Natour, professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), afirma que 30% das pessoas com fibromialgia têm problemas de depressão. Por isso, afirma ele, "afastar-se do emprego piora o prognóstico do paciente". "É recomendável continuar com as atividades profissionais mesmo que venha a sentir um pouco de dor."
Para quem tem a doença, incurável, e precisa de alternativas para minimizar a dor e continuar a trabalhar, os médicos aconselham alguns cuidados.
Goldenberg recomenda atenção especial ao mobiliário, que deve ser ergonômico. Natour indica aos trabalhadores que exercem movimentos repetitivos durante o dia que tentem trocar de função. (RB)


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