S?o Paulo, domingo, 25 de julho de 2010

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Horários desregrados são desafio da função

Para DJs, obstáculos da profissão estão ligados à falta de rotina e à baixa qualificação

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Ser o centro das atenções em todas as festas e poder levar multidões ao delírio são alguns dos hits que conferem glamour à carreira de DJ. Ao mesmo tempo, escondem os desafios de quem vira noite após noite em baladas.
Uma dificuldade comum a muitos disc-jóqueis é ter de conciliar a atividade noturna com os trabalhos diurnos.
"É bem difícil ter duas profissões. Faço de dez a 15 apresentações por mês em boates, clubes, coquetéis e desfiles", conta o DJ Marcio Vermelho, 30, também produtor de conteúdo fotográfico.
O maior desafio, porém, é lidar com a falta de rotina. "Com o tempo, o DJ pode ter danos à saúde, como perda de audição e problemas com o sono, por passar noites em claro. Além de tudo, nós não temos seguros", ressalta.
"Não tenho hora para dormir e para voltar pra casa", comenta a DJ Ana Flavia. "Minha família demorou para aceitar [a falta de rotina]."
A falta de horários fez com que Marcos Morcerf, 53, desistisse da profissão, após atuar como DJ por 12 anos.
"Eu não achava mais o trabalho interessante. A profissão leva a uma vida com horários muito desregrados."

QUALIFICAÇÃO
Hoje, acrescenta Morcerf, há falta de DJs "com qualidade" no mercado. "O baixo nível cultural dos clubes e do público foram outros fatores que me desmotivaram."
"A tecnologia tem contribuído para o ingresso de pessoas sem qualificação na área", concorda Vermelho.
Segundo ele, antes era mais difícil entrar no mercado, pois era preciso comprar vinis. Hoje, completa, a maioria dos iniciantes usa CDs e MP3 e o acesso à música é maior com a internet.
"Com a exigência do curso, caso a carreira seja regulamentada, haverá uma seleção que será positiva para os mais qualificados."

SEM RECONHECIMENTO
Nesse caso, outro obstáculo terá de ser superado: os cursos na área não foram aprovados pelo MEC (Ministério da Educação), devido à indefinição da atividade.
Um deles é o da Universidade Anhembi Morumbi, que oferece 60 vagas de tecnologia em produção de música eletrônica - DJ profissional, desde 2008.
"A quantidade de empregos formais ainda é pequena. Os alunos conseguem retorno em apresentações, quando têm contatos, e vendendo as produções na internet", explicita o coordenador do curso, Leonardo Vergueiro.


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