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ASSÉDIO MORAL
Dados da DRT-SP indicam que 66% dos assediados são mulheres; vítimas enfrentam doenças psíquicas
Denúncia contra empregador cresce 5,7%
LARA SILBIGER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A incidência de acusações de
assédio moral no Estado de São
Paulo aumentou 5,7% em 2005
em relação ao ano anterior.
No ano passado, a DRT-SP
(Delegacia Regional do Trabalho)
recebeu 242 queixas de assédio
moral, segundo o Núcleo de Promoção da Igualdade de Oportunidade e de Combate à Discriminação no Trabalho, ligado à instituição. Cerca de dois terços dos
reclamantes eram mulheres.
Uma delas é a pesquisadora
universitária Marcela (nome fictício), 51, que, durante 11 anos,
viu-se obrigada a conviver com
crises de choro e depressão.
Inferiorizada pelo chefe, diz ter
ouvido frases como: "Trato você
pior do que um cachorro".
Além de passar por "cenas humilhantes", também promovidas
por uma colega, Marcela conta
que teve de realizar tarefas que
nada tinham a ver com a função
para a qual havia sido contratada.
"Colocavam-me para lavar tanques de água em local insalubre."
A pesquisadora afirma que,
com o tempo, tornou-se insegura.
"Hoje, ao vivenciar situações estressantes, choro, tenho hiperventilação e minha pressão arterial oscila bruscamente", diz.
Doenças, aliás, são um dos riscos invisíveis do assédio moral.
Na avaliação da médica do trabalho Margarida Barreto, os primeiros sintomas são choro, insegurança, ansiedade, baixa auto-estima e sensibilidade excessiva.
O passo seguinte é o desenvolvimento de enfermidades psíquicas, entre as quais a depressão, o
estresse patológico e as síndromes
do pânico e de "burnout", sendo
esta "uma das mais perigosas".
"O paciente atinge um estágio tal
de desesperança que pensa em tirar a própria vida", alerta Barreto.
Foi o que aconteceu com João
(nome fictício), 47, que afirma ser
vítima do assédio moral exercido
pelo superior direto há três anos.
"Quando ele não me trata com indiferença, dirige-se a mim com
agressividade e rispidez. Suas ordens são confusas e contraditórias. Acabo sentindo culpa e insegurança mesmo nas tarefas mais
simples de serem realizadas", diz.
"Penso nisso de forma doentia,
a ponto de conseguir dormir só
três horas por noite", comenta.
"Estou depressivo, já pensei várias vezes em suicídio. Engordei
mais de 50 quilos desde que entrei
nesta firma, há quase cinco anos."
Para João, a empresa cansou-se
dele e quer forçar sua saída. Casos
como esse, para a procuradora do
Ministério Público do Trabalho
Valdirene de Assis, são comuns.
"O objetivo de quem pratica o assédio moral é atingir a honra, a
imagem e a integridade psíquica
do empregado. Em agonia extrema, ele pede demissão, satisfazendo a intenção da firma de não arcar com os gastos da dispensa".
Diferenças por sexo
Segundo especialistas, as manifestações de assédio moral contra
profissionais do sexo feminino
não são iguais às praticadas contra homens.
"Em relação às trabalhadoras,
são comuns piadas grosseiras, intimidação, submissão a qualquer
ordem e comentários sobre a aparência. No caso dos homens, a tática consiste em promover o isolamento e fazer comentários sobre
sua virilidade, capacidade de trabalhar e de manter a família", explica a advogada especializada na
área trabalhista Mara Darcanchy.
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