São Paulo, domingo, 26 de outubro de 2008

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sua carreira

Devolução de presentes é discutida em empresas

Não-aceitação de mimos por profissionais é solução indicada

ANDRÉ LOBATO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

No início deste mês, secretárias do Planalto foram obrigadas a devolver os presentes com valor acima de R$ 100 que receberam de empresas privadas em um evento de comemoração do Dia da Secretária.
A determinação traz à tona uma discussão que cabe não só à esfera pública. Funcionários de companhias e profissionais de saúde, por exemplo, recebem constantemente brindes e presentes que podem chegar a altos valores.
Segundo especialistas ouvidos pela Folha, a melhor atitude para distanciar as influências externas das tomadas de decisão é devolver os mimos.
Roberto Romano, professor de ética, filosofia e política da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), afirma que mesmo os profissionais de nível hierárquico mais baixo devem recusar benesses.
"Qual é a garantia para o pagador de impostos de que a corrupção não venha de baixo para cima?", questiona, referindo-se à determinação da Planalto.
A CPFL, distribuidora de energia elétrica, tem uma ouvidoria por meio da qual funcionários podem enviar dúvidas sobre temas de ética -como o recebimento de presentes.
Lúcia Helena Magalhães, secretária-executiva do comitê de ética da empresa, é responsável por receber as mensagens. "As medidas decididas transformam-se em súmulas, regras que valem para todos."
Ela conta que um empregado negou um convite feito por um fornecedor para assistir a palestras no exterior. Funcionário e comitê entenderam que a viagem "exporia a CPFL".

Médicos
Profissionais da área da saúde, no relacionamento com a indústria farmacêutica, ganham de amostras de remédio a viagens ao exterior.
O médico Armando (nome fictício) afirma que treinamentos, brindes e viagens pagos pela indústria podem influenciar na decisão de prescrever medicamentos de uma marca.
Segundo ele, quando existe a opção entre dois remédios, sendo que o fabricante de um deles lhe pagou uma viagem, o médico prefere receitar aquele que lhe rendeu o presente.
Para evitar atitudes como essa, o próximo código de ética do Conselho Federal de Medicina, que será lançado em 2010, pretende disciplinar um valor máximo para os benefícios que um médico possa receber da indústria, diz Clóvis Constantino, conselheiro do órgão federal e do estadual em São Paulo.


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