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sua carreira
Devolução de presentes é discutida em empresas
Não-aceitação de mimos por profissionais é solução indicada
ANDRÉ LOBATO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
No início deste mês, secretárias do Planalto foram obrigadas a devolver os presentes
com valor acima de R$ 100 que
receberam de empresas privadas em um evento de comemoração do Dia da Secretária.
A determinação traz à tona
uma discussão que cabe não só
à esfera pública. Funcionários
de companhias e profissionais
de saúde, por exemplo, recebem constantemente brindes
e presentes que podem chegar
a altos valores.
Segundo especialistas ouvidos pela Folha, a melhor atitude para distanciar as influências externas das tomadas de
decisão é devolver os mimos.
Roberto Romano, professor
de ética, filosofia e política da
Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), afirma que
mesmo os profissionais de nível hierárquico mais baixo
devem recusar benesses.
"Qual é a garantia para o pagador de impostos de que a corrupção não venha de baixo para
cima?", questiona, referindo-se
à determinação da Planalto.
A CPFL, distribuidora de
energia elétrica, tem uma ouvidoria por meio da qual funcionários podem enviar dúvidas
sobre temas de ética -como o
recebimento de presentes.
Lúcia Helena Magalhães,
secretária-executiva do comitê
de ética da empresa, é responsável por receber as mensagens. "As medidas decididas
transformam-se em súmulas,
regras que valem para todos."
Ela conta que um empregado
negou um convite feito por um
fornecedor para assistir a palestras no exterior. Funcionário e comitê entenderam que a
viagem "exporia a CPFL".
Médicos
Profissionais da área da saúde, no relacionamento com a
indústria farmacêutica, ganham de amostras de remédio
a viagens ao exterior.
O médico Armando (nome
fictício) afirma que treinamentos, brindes e viagens pagos
pela indústria podem influenciar na decisão de prescrever
medicamentos de uma marca.
Segundo ele, quando existe a
opção entre dois remédios,
sendo que o fabricante de um
deles lhe pagou uma viagem, o
médico prefere receitar aquele
que lhe rendeu o presente.
Para evitar atitudes como essa, o próximo código de ética do
Conselho Federal de Medicina,
que será lançado em 2010, pretende disciplinar um valor máximo para os benefícios que um
médico possa receber da
indústria, diz Clóvis Constantino, conselheiro do órgão federal e do estadual em São Paulo.
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