São Paulo, domingo, 27 de maio de 2007

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Engenheiro deve equilibrar a formação geral e a técnica

Mercado busca habilidades gerenciais, metodológicas e culturais

Rogério Cassimiro - 7.fev.2006/Folha Imagem
Profissão exige que trabalhador invista em reciclagem constante


FRANCISCO PALETTA
ESPECIAL PARA A FOLHA

O Brasil tem hoje cerca de 550 mil engenheiros, o que equivale a 6 para cada 1.000 pessoas economicamente ativas, segundo a Confea (Confederação Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia). A esses se somam 20 mil novos engenheiros que se forma a cada ano. Os Estados Unidos e o Japão têm 25 engenheiros para cada 1.000 trabalhadores, e a França, 15 por 1.000.
No caso brasileiro, há um agravante: aqui, quase metade dos engenheiros opta pela engenharia civil. Naqueles países é grande o percentual dos que optam pelas modalidades ligadas às áreas de alta tecnologia.
Nos últimos anos, o valor da ciência, da tecnologia e da inovação firmou-se como estrategicamente inquestionável. Avanços nesses campos funcionam como a força motora dos países industrializados, respondendo também pela ampliação de suas riquezas.
Foi investindo nessas áreas que países como Cingapura, China e Coréia do Sul revolucionaram suas economias.
Antes atrasadas tecnologicamente, pobres e voltadas para a produção de alimentos, suas economias tornaram-se mais modernas e dinâmicas.
Por mais que tenham seguido trilhas particulares, China, Cingapura e Coréia do Sul apostaram no estímulo e na difusão de uma cultura de valorização da engenharia e da inovação tecnológica para crescer.
Uma das formas encontradas por esses países asiáticos foi a formação de engenheiros.
Para que o Brasil ganhe competitividade internacionalmente, é preciso redimensionar o valor estratégico da ciência e compreender que há trabalho a fazer na tentativa de nos igualar aos países que lideram a corrida econômica.
Nesse contexto, o aumento do volume de engenheiros é um dos desafios ao crescimento.
O país terá de enfrentar ainda questões macroconjunturais -que envolvem modernização e promoção de educação de qualidade em engenharia.

Binômio
Esse processo não envolve somente a garantia de uma boa formação técnica dos alunos. É preciso encontrar também maneiras de desenvolver novas competências, como capacidade de gestão, comunicação e liderança, qualidades cada vez mais exigidas pelo mercado.
Na medida em que o mundo se sofistica e se diversifica, as competências exigidas do engenheiro, que num primeiro estágio é eminentemente técnica, alargam-se e passam a englobar outras responsabilidades.
É necessário pensar em uma qualificação holística, valorizando habilidades gerenciais, metodológicas, culturais, multidisciplinares e sistêmicas.
O papel da formação técnica, contudo, não deve ser minimizado. O profissional deve buscar atualização constante, já que as tecnologias têm se tornado obsoletas rapidamente.
No caso da engenharia, estima-se que metade do que se aprende na universidade estará superada após cinco anos.
Educar o engenheiro para o século 21 para que o Brasil se destaque no cenário mundial é equilibrar o binômio especialista -em sua dimensão técnica- versus generalista -de caráter multidisciplinar.

Francisco Paletta é diretor das Faculdades de Engenharia e Computação e Informática da Faap (Fundação Armando Álvares Penteado)

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