São Paulo, domingo, 27 de maio de 2007 |
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artigo Engenheiro deve equilibrar a formação geral e a técnica
Mercado busca habilidades gerenciais, metodológicas e culturais
FRANCISCO PALETTA ESPECIAL PARA A FOLHA O Brasil tem hoje cerca de 550 mil engenheiros, o que equivale a 6 para cada 1.000 pessoas economicamente ativas, segundo a Confea (Confederação Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia). A esses se somam 20 mil novos engenheiros que se forma a cada ano. Os Estados Unidos e o Japão têm 25 engenheiros para cada 1.000 trabalhadores, e a França, 15 por 1.000. No caso brasileiro, há um agravante: aqui, quase metade dos engenheiros opta pela engenharia civil. Naqueles países é grande o percentual dos que optam pelas modalidades ligadas às áreas de alta tecnologia. Nos últimos anos, o valor da ciência, da tecnologia e da inovação firmou-se como estrategicamente inquestionável. Avanços nesses campos funcionam como a força motora dos países industrializados, respondendo também pela ampliação de suas riquezas. Foi investindo nessas áreas que países como Cingapura, China e Coréia do Sul revolucionaram suas economias. Antes atrasadas tecnologicamente, pobres e voltadas para a produção de alimentos, suas economias tornaram-se mais modernas e dinâmicas. Por mais que tenham seguido trilhas particulares, China, Cingapura e Coréia do Sul apostaram no estímulo e na difusão de uma cultura de valorização da engenharia e da inovação tecnológica para crescer. Uma das formas encontradas por esses países asiáticos foi a formação de engenheiros. Para que o Brasil ganhe competitividade internacionalmente, é preciso redimensionar o valor estratégico da ciência e compreender que há trabalho a fazer na tentativa de nos igualar aos países que lideram a corrida econômica. Nesse contexto, o aumento do volume de engenheiros é um dos desafios ao crescimento. O país terá de enfrentar ainda questões macroconjunturais -que envolvem modernização e promoção de educação de qualidade em engenharia. Binômio Esse processo não envolve somente a garantia de uma boa formação técnica dos alunos. É preciso encontrar também maneiras de desenvolver novas competências, como capacidade de gestão, comunicação e liderança, qualidades cada vez mais exigidas pelo mercado. Na medida em que o mundo se sofistica e se diversifica, as competências exigidas do engenheiro, que num primeiro estágio é eminentemente técnica, alargam-se e passam a englobar outras responsabilidades. É necessário pensar em uma qualificação holística, valorizando habilidades gerenciais, metodológicas, culturais, multidisciplinares e sistêmicas. O papel da formação técnica, contudo, não deve ser minimizado. O profissional deve buscar atualização constante, já que as tecnologias têm se tornado obsoletas rapidamente. No caso da engenharia, estima-se que metade do que se aprende na universidade estará superada após cinco anos. Educar o engenheiro para o século 21 para que o Brasil se destaque no cenário mundial é equilibrar o binômio especialista -em sua dimensão técnica- versus generalista -de caráter multidisciplinar. Francisco Paletta é diretor das Faculdades de Engenharia e Computação e Informática da Faap (Fundação Armando Álvares Penteado) Texto Anterior: Por que ler isso Próximo Texto: Frase Índice |
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