São Paulo, domingo, 27 de junho de 2010

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OPINIÃO - TENDÊNCIA

Empresas têm de se adaptar à geração-Y

Novos profissionais devem buscar mais qualificação


Jovens entrantes no mercado de trabalho são multitarefa: não enxergam diferença entre trabalho e lazer e valorizam liberdade e inovação em lugar de estabilidade e segurança


MICHAEL A. COSTONIS
ROB SALKOWITZ
DO "NEW YORK TIMES"

Desde 2008, o mundo econômico se recupera da maior crise financeira de todos os tempos. O desemprego continua alto, e os empregadores se mostram extremamente cautelosos na hora de realizar novas contratações.
Esse ambiente adverso encobre a maior mudança na força de trabalho global, transformação essa que ameaça até a viabilidade de muitos setores tradicionais.
As habilidades da geração anterior não estão sendo passadas para uma nova geração. O número de empregos que exigem alta qualificação já é superior ao nú- mero de pessoas qualifica-das para preenchê-los. Isso acontece especialmente em empresas de trabalhos longos e intensivos, como as seguradoras. O setor não é particularmente atraente para os jovens da intitulada geração-Y -aqueles que completaram 21 anos a partir de 2000. Companhias de transportes, serviços públicos e manufatura enfrentam o mesmo problema.
Além de essas empresas não serem atraentes, é comum haver entre os gerentes mais velhos dúvidas sobre o que querem os da geração-Y.
Trabalhadores jovens esperam remuneração e ambientes de trabalho diferentes dos habituais. E as empresas, para prosperar no longo prazo, precisam se adaptar a essa cultura digital.
Como muitas companhias mais velhas, as seguradoras pensam o treinamento como aprendizado de longo prazo, o que não se adéqua às expectativas de jovens que buscam "feedback" e desenvolvimento de carreira rápidos.
Eles crescem em uma cultura digital que se distingue pelo compartilhamento imediato de informação. Têm perfil multitarefa e não veem a diferença entre trabalho e lazer. Os jovens da geração-Y frequentemente valorizam liberdade, inovação, velocidade em lugar de mais estabilidade e segurança.

MENOS HIERARQUIA
Acima de tudo, trabalhadores jovens acreditam que o acesso a tecnologia estará sempre à disposição como um meio de informação, para acompanhar a vida dos amigos, para organizar suas atividades e para trabalhar. E, claro, o acesso agora é totalmente móvel, com conexões sem fio e "smartphones".
Essas novas tecnologias criam uma relação de trabalho cada vez mais integrada e menos hierarquizada.
É fundamental ter em mente também que os trabalhadores mais jovens crescem como consumidores de tecnologia, não como empregados que a utilizam. Eles encontraram tecnologias como e-mails, mensagens instantâneas, blogs, redes sociais, filtros e agregadores de informações muito antes de começarem a trabalhar.
Seguradoras e outras companhias tradicionais podem ser menos adequadas a essa geração, mas, globalmente, há cerca de 3,5 bilhões de pessoas com menos de 30 anos e ganhar acesso a elas por meio da tecnologia se torna cada vez mais fácil.
O futuro das empresas tradicionais reside nessa geração de novos talentos. O desafio é encontrar formas de concatenar as diferenças. Só então é que empregadores poderão aproveitar os benefícios da próxima geração.
Um passo importante para os gestores é encorajar a comunicação entre informação tecnológica e o departamento de recursos humanos. Trabalhando juntos, eles precisam apresentar abordagens coerentes para contratar e entusiasmar os jovens.

MICHAEL A. COSTONIS é diretor-executivo da consultoria Accenture dos Estados Unidos; ROB SALKOWITZ é autor de "Young World Rising".


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