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São Paulo, domingo, 27 de julho de 2003

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PREVIDÊNCIA NO TOPO

Número de empresas que instituem fundos de pensão para os seus profissionais dispara em 2003

Planos privados viram benefício cobiçado

RENATO ESSENFELDER
EDITOR-ASSISTENTE DE EMPREGOS E NEGÓCIOS

Nos últimos anos, o tema previdência deixou de ser uma questão restrita ao governo ou à necessidade de equilíbrio das contas públicas. Para a maioria das grandes empresas do país, ganhou força como atrativo para bater a concorrência ao atrair e reter os melhores talentos do mercado.
O debate das últimas semanas sobre a reforma da Previdência acelerou esse processo. Seja por pressão dos funcionários, seja por uma questão de diferencial estratégico, mais companhias estão investindo em planos de aposentadoria para seus empregados.
Pesquisas das consultorias Towers Perrin, Deloitte Touche Tohmatsu Brasil e Hay Group obtidas com exclusividade pela Folha revelam que nunca tantas empresas do país ofereceram esse benefício.
Dependendo da amostragem ouvida, os resultados apontam que entre 43% (das empresas de todos os portes) e 69% (das multinacionais) presentes no Brasil já oferecem o benefício.
Paralelamente, estudo da Anapp (Associação Nacional de Previdência Privada) mostra que, de janeiro a abril deste ano, as entidades do setor faturaram nada menos do que R$ 1,23 bilhão com planos empresariais de aposentadoria. Em relação ao mesmo período do ano passado, o crescimento foi de 118%. Hoje, 26% de todos os planos de previdência comercializados no mercado são para clientes empresariais.
"Toda vez que o governo traz o tema à tona, faz marketing sobre a necessidade de previdência", avalia o gerente da área de aposentadoria da Towers Perrin, Felinto Sernache. "Isso influi na demanda por alternativas mais interessantes de futuro", completa Fábio Mandarano, gerente da área de capital humano da Deloitte.

Pequenas, mas atrativas
A firmação da previdência privada como benefício de peso faz com que a oferta dos planos não esteja restrita a multinacionais. Empregados de empresas médias e até de pequenas, em termos de pessoal, têm a chance de receber aposentadoria mais gorda.
"Quem trabalha com mão-de-obra muito especializada, como escritórios de advocacia, consultorias e outros, tem interesse em planos de previdência para reter os funcionários", explica o diretor corporativo da seguradora Canada Life, Luiz Bruzadin. O mercado é tão promissor que a companhia decidiu focar sua ação, neste ano, em empresas de médio porte.
"Imagino um dia em que toda empresa de médio porte ou maior oferecerá essa complementação, pois qualquer um que ganhe mais de R$ 2.500 mensais tem de se preocupar com a aposentadoria mesmo", pondera Luiz Alberto Alvernaz, diretor-geral da consultoria William Mercer no Brasil.
Mas, na opinião do consultor Leonardo Fialho, da Hay Group, esse dia pode estar longe. Segundo ele, não há tendência imediata de universalização do benefício.
"[A previdência complementar] ainda está a uns dez anos de se massificar como os planos de saúde", opina. Segundo pesquisa da própria Hay Group, contudo, a oferta de previdência complementar nas corporações cresce rapidamente: foi de 49% das empresas em 2001 para 61% em 2002.


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