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NOS BASTIDORES DA ELEIÇÃO
Período põe marquetólogo à prova
Com o início do horário eleitoral na TV e no rádio, os profissionais responsáveis pela imagem dos políticos entram em cena, de olho nos resultados das urnas
Filipe Redondo/Folha Imagem
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Ciro Pedroza, 44, trabalhou com radiojornalismo antes de virar consultor de marketing político
IGOR GIANNASI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Quando, em agosto, entrar
no ar o horário eleitoral de rádio e TV, estará à prova a principal missão do profissional de
marketing político: convencer
os cidadãos de que seus clientes
-candidatos a vereador ou a
prefeito- merecem um voto.
Os marquetólogos, também
chamados de marqueteiros
-às vezes em tom pejorativo-,
fazem parte de uma carreira
multidisciplinar que inclui profissionais como jornalistas, publicitários e relações-públicas.
Divididos entre os salários
atrativos e as dificuldades que
enfrentam no mercado de trabalho, esses profissionais
unem-se em torno de duas paixões: política e comunicação.
Esse foi o motivador para a
publicitária Gil Castillo, 40, ingressar no marketing político.
Seus primeiros passos nesse
universo se deram na prática,
em uma campanha em 1992.
Só mais tarde procurou se especializar na área. "Existe uma
ciência por trás disso, que exige
estratégia e planejamento", diz.
O mesmo caminho, da prática aos estudos, foi percorrido
pelo especialista em marketing
político Ciro Pedroza, 44.
Trabalhando com radiojornalismo, Pedroza teve o primeiro contato com a área em
1982, ao participar de uma
campanha ao governo do Rio
Grande do Norte. Nos anos sem
eleição, voltava ao jornalismo.
Em São Paulo desde 2000,
fez mestrado em comunicação
política e especializou-se em
consultoria na área de rádio.
"Há vários mitos na profissão,
como o de que é o marqueteiro
quem elege o candidato."
Cuidados na carreira
Segundo o diretor de marketing da ESPM (Escola Superior
de Propaganda e Marketing),
Emmanuel Publio Dias, um dos
aspectos da profissão é que a
remuneração é concentrada.
"O que se ganha na campanha corresponde à quantia que
o profissional receberia em um
ano na sua atividade anterior."
Carlos Manhanelli, presidente da Abcop (Associação Brasileira dos Consultores Políticos), ressalta que, ao migrar para a área política, é preciso ponderar as dificuldades para retornar a seu campo habitual.
"As empresas têm preconceito
contra os profissionais que fizeram campanha política", diz.
Outro risco, completa Dias, é
o de, na campanha, o especialista ficar totalmente mergulhado
nela, a ponto de perder contato
com o seu mercado de trabalho.
Obstáculos
Para o publicitário e jornalista Chico Santa Rita, que tem 30
anos de experiência na área, o
segmento enfrenta o problema
da falta de qualificação. "No
Brasil não existe uma preparação para essa carreira como
ocorre em outros países."
O consultor Gaudêncio Torquato acrescenta que a atividade só é valorizada por parte dos
políticos nos anos eleitorais:
"Eles deveriam perceber que,
depois de eleito, o candidato
ainda precisa de visibilidade."
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