São Paulo, domingo, 28 de fevereiro de 1999

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Greg Salibian/Folha Imagem
Yara Helena Falconi, 33, só aprendeu a falar fluentemente o idioma quando foi para a Inglaterra


600 HORAS DE INGLÊS
Especialistas divergem sobre a relação custo-benefício de aprender lá fora
Estudar no exterior é para poucos

da Reportagem Local

Aprender inglês aqui ou no exterior? Até entre os especialistas há polêmica sobre qual é o melhor investimento -considerando a relação custo/benefício.
De acordo com a Belta, associação de agências especializadas em programas de educação internacional, o Brasil foi, em 98, o terceiro maior emissor de alunos para os Estados Unidos.
A Inglaterra também foi responsável por mais um pódio brasileiro -fomos o segundo país que mais enviou estudantes, também no ano passado.
Apesar da polêmica, há um consenso sobre dois aspectos. Primeiro: se o objetivo é aprender inglês rapidamente, estudar no exterior só surtirá real efeito para quem já tem um conhecimento intermediário do idioma.
Segundo: cursos de inglês com duração inferior a um mês ou aqueles associados a esportes ou ao lazer podem ser pouco eficientes caso o objetivo prioritário seja o domínio do idioma.
Há quem garanta que, se o estudante dedicar o mesmo tempo de estudo aqui e no exterior (a carga dos cursos fora do país é de 20 horas semanais, geralmente), o aprendizado será o mesmo.
Outros não concordam e argumentam que, no exterior, o aluno terá contato com o idioma também fora da sala de aula.
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Contato com nativos Para Leland McCleary, coordenador do curso de inglês da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, no exterior os alunos terão aulas com professores nativos e poderão manter contato com norte-americanos e ingleses.
"Mas existe o risco de ele cair em uma classe cheia de latinos e não praticar o idioma", pondera.
O preço é outro fator complicador. Mas é bom lembrar que o custo da hora/aula, mesmo em tempos de crise, é semelhante.
Enquanto no Brasil o preço vai de R$ 10 e R$ 20, nos EUA oscila entre US$ 8 e US$ 15, em média. O que encarece os cursos lá fora são os gastos com a passagem aérea e com a estada.
"No Brasil, em um curso de três horas/semana, o aluno tem aulas dissociadas da realidade. O que ele aprende não coloca em prática", diz Celso Garcia, da Belta.
Mas o diretor da associação concorda que o ideal é sair do Brasil com o básico concluído. "O valor e o tempo investidos serão melhor aproveitados."
Para o coordenador do curso de inglês da USP, uma das desvantagens dos cursos internacionais é ter grupos muito mistos, com alunos de diversos países.
"Aqui, o professor já sabe quais são as dificuldades mais frequentes entre os brasileiros. Lá fora, muitas vezes, o professor nunca teve contato com determinadas culturas e pode ter dificuldade para esclarecer alguns pontos do idioma. A classe pode sair perdendo com isso", diz McCleary.



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