São Paulo, Domingo, 28 de Novembro de 1999


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EXECUTIVO
Divisão de poder facilita decisões

LIGIA BRASLAUSKAS
da Reportagem Local

É necessário que alguém tome uma decisão importante na empresa, mas o presidente não está nem pode ser contatado. Que fazer nesses casos? Esperar até o dia seguinte ou assumir a questão e resolver o problema na hora?
Na verdade, nenhuma das duas alternativas serve como dica infalível porque isso depende muito da filosofia da organização e do grau de entrosamento do profissional com o trabalho que realiza.
Mas o fato é que a descentralização na tomada de decisões é uma solução cada vez mais empregada nas empresas que não querem ficar paralisadas pela concentração de poder nas mãos de um só.
Na maioria das vezes, o profissional que vive alguns degraus abaixo na hierarquia conhece muitos problemas com os quais os mandachuvas não mantêm contato direto. Por isso ele pode assumir certas decisões.
Uma pesquisa do Grupo Catho sobre estilos de processos decisórios, feita com 1.356 profissionais em todo o país, mostra que 76% dos executivos, de vários níveis, participam das decisões tomadas nas empresas, e apenas 3,5% disseram atuar em sistemas autoritários e não participativos.
Conhecer com profundidade a filosofia da empresa e a linha de trabalho da direção e ser um profissional dedicado, empreendedor e que sempre age pensando na conquista de resultados positivos são características de quem adquire autonomia para decidir.
Mas só isso não basta. Segundo Thomas Case, 62, presidente do Grupo Catho, é importante que sejam delimitadas áreas onde os profissionais possam atuar.
"O melhor é quando um presidente possui vários substitutos de confiança em setores diferentes. Se isso acontece, significa que o negócio está sendo "abraçado" por todos da mesma maneira."

Sem consulta prévia
Na opinião dos profissionais consultados pela Folha, a divisão de poder é um fator benéfico e, quase sempre, pode trazer resultados melhores do que ocorre quando uma única pessoa decide.
Sharon Borwick, 43, consultora da Hewitt, afirma que pessoas que trabalham em grupo têm de estar preparadas para ouvir e pensar no coletivo na hora das decisões.
Foi com essa idéia que Alexandre Bicalho, 27, diretor financeiro da Trace Disc Multimídia, mudou uma decisão tomada pela única pessoa que está acima dele: o presidente da empresa.
"Na hora de dar a palavra final, percebi que havia uma alternativa melhor e decidi mudar a decisão sem consulta prévia", diz.
Embora a atitude de Bicalho tenha sido tomada a favor da empresa, o superior dele não a viu com bons olhos. Bicalho diz que teve de explicar sua decisão para que fosse aceita sem represália.

Cifras e assuntos delicados
Só que, quando o assunto envolve valores financeiros elevados, poucos acreditam que possa haver autonomia para quem não ocupa o cargo indicado para esse tipo de decisão na companhia.
Messias Mercadante de Castro, 53, superintendente da Cereser, empresa do setor de bebidas, diz que quase todas as decisões são tomadas em conjunto, com exceção das que envolvem dinheiro.
"Nessa hora, tem de haver alguém responsável pela área para opinar. E, aqui, essa pessoa é o presidente", explica.
Bicalho concorda que dinheiro é um assunto delicado, mas diz que, se a pessoa está preparada para fazer avaliações desse gênero, essa autonomia lhe será dada.
"É o meu caso. Muitas vezes tive de analisar salários de outros diretores que ocupam o mesmo cargo que eu, mas fiz com tranquilidade porque estava apto para desempenhar esse papel", diz.


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