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EXECUTIVO
Divisão de poder facilita decisões
LIGIA BRASLAUSKAS
da Reportagem Local
É necessário que alguém tome
uma decisão importante na empresa, mas o presidente não está
nem pode ser contatado. Que fazer nesses casos? Esperar até o dia
seguinte ou assumir a questão e
resolver o problema na hora?
Na verdade, nenhuma das duas
alternativas serve como dica infalível porque isso depende muito
da filosofia da organização e do
grau de entrosamento do profissional com o trabalho que realiza.
Mas o fato é que a descentralização na tomada de decisões é uma
solução cada vez mais empregada
nas empresas que não querem ficar paralisadas pela concentração
de poder nas mãos de um só.
Na maioria das vezes, o profissional que vive alguns degraus
abaixo na hierarquia conhece
muitos problemas com os quais
os mandachuvas não mantêm
contato direto. Por isso ele pode
assumir certas decisões.
Uma pesquisa do Grupo Catho
sobre estilos de processos decisórios, feita com 1.356 profissionais
em todo o país, mostra que 76%
dos executivos, de vários níveis,
participam das decisões tomadas
nas empresas, e apenas 3,5% disseram atuar em sistemas autoritários e não participativos.
Conhecer com profundidade a
filosofia da empresa e a linha de
trabalho da direção e ser um profissional dedicado, empreendedor e que sempre age pensando
na conquista de resultados positivos são características de quem
adquire autonomia para decidir.
Mas só isso não basta. Segundo
Thomas Case, 62, presidente do
Grupo Catho, é importante que
sejam delimitadas áreas onde os
profissionais possam atuar.
"O melhor é quando um presidente possui vários substitutos de
confiança em setores diferentes.
Se isso acontece, significa que o
negócio está sendo "abraçado" por
todos da mesma maneira."
Sem consulta prévia
Na opinião dos profissionais
consultados pela Folha, a divisão
de poder é um fator benéfico e,
quase sempre, pode trazer resultados melhores do que ocorre
quando uma única pessoa decide.
Sharon Borwick, 43, consultora
da Hewitt, afirma que pessoas que
trabalham em grupo têm de estar
preparadas para ouvir e pensar
no coletivo na hora das decisões.
Foi com essa idéia que Alexandre Bicalho, 27, diretor financeiro
da Trace Disc Multimídia, mudou
uma decisão tomada pela única
pessoa que está acima dele: o presidente da empresa.
"Na hora de dar a palavra final,
percebi que havia uma alternativa
melhor e decidi mudar a decisão
sem consulta prévia", diz.
Embora a atitude de Bicalho tenha sido tomada a favor da empresa, o superior dele não a viu
com bons olhos. Bicalho diz que
teve de explicar sua decisão para
que fosse aceita sem represália.
Cifras e assuntos delicados
Só que, quando o assunto envolve valores financeiros elevados, poucos acreditam que possa
haver autonomia para quem não
ocupa o cargo indicado para esse
tipo de decisão na companhia.
Messias Mercadante de Castro,
53, superintendente da Cereser,
empresa do setor de bebidas, diz
que quase todas as decisões são
tomadas em conjunto, com exceção das que envolvem dinheiro.
"Nessa hora, tem de haver alguém responsável pela área para
opinar. E, aqui, essa pessoa é o
presidente", explica.
Bicalho concorda que dinheiro
é um assunto delicado, mas diz
que, se a pessoa está preparada
para fazer avaliações desse gênero, essa autonomia lhe será dada.
"É o meu caso. Muitas vezes tive
de analisar salários de outros diretores que ocupam o mesmo
cargo que eu, mas fiz com tranquilidade porque estava apto para
desempenhar esse papel", diz.
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