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São Paulo, domingo, 28 de dezembro de 2003

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Abordagem de estranhos deve ter cautela e bom senso para causar a melhor impressão e abrir portas

Contatos sobrevivem ao apagar das luzes

Fernando Moraes/Folha Imagem
Thaís Bentivegna, da Crawford, conseguiu estágio após contato feito na inauguração de um bar


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A festa acabou, a luz apagou, mas você fez bons contatos. Esse é o espírito do network, dizem especialistas em recursos humanos.
Se é verdade que as melhores oportunidades ocorrem quando menos se espera, vale a pena lembrar que aproveitar as chances oferecidas pelas confraternizações e reuniões de pessoas exige uma etiqueta especial. Bom senso é a regra primordial da atividade.
"Não dá para chegar e ir falando: "Oi, tudo bem? Estou desempregado". Mas ser cara-de-pau sem ser inconveniente aumenta em 50% as chances de colocação no mercado", afirma a diretora de consultoria e recursos humanos da Adecco, Sylmara Valentini.
De acordo com ela, o brasileiro costuma ter vergonha de se aproximar das pessoas para fazer network. "É um grande erro. Muitas vezes as pessoas nem chegam perto ou então fazem brincadeiras e contam piadas. O segredo é ser descontraído, mas mostrar competência e despertar interesse."
Uma boa dica é, depois de uma conversa informal, pedir permissão para enviar alguns dados ou o currículo por e-mail no dia seguinte. Se a primeira impressão foi boa, o currículo pode ser lembrado quando surgir uma vaga.
Interromper conversas, exagerar na bebida e agir com intimidade excessiva são os erros mais frequentemente cometidos pelo marinheiro de primeira viagem, relatam os especialistas. Segundo os consultores, esses comportamentos denotam afobação e podem fechar portas para sempre.
Outro conselho é não se preocupar com a rede de contatos e com as oportunidades proporcionadas pelas festas somente depois de perder o emprego.

Apresentações
Não fosse uma festa e um empurrãozinho de um amigo, Thaís de Lorenzi Bentivegna, 26, não seria hoje uma das estilistas da grife de moda masculina Crawford.
Precisando de um estágio curricular para colocar as mãos no diploma do curso de negócios da moda, viajou em um feriado para Campos do Jordão. Na casa de um amigo, foi apresentada a um conhecido dele que, na festa de inauguração de um bar, a apresentou a um diretor comercial do grupo Valdac, dono das marcas Crawford e Siberian, que a contratou na hora como estagiária.
"Foi meu primeiro e único emprego", conta ela. "Era uma festa grande, em um bar aberto, com um monte de gente. Não esperava encontrar emprego ali."
Ela ressalta, entretanto, que só a indicação não basta e que foi preciso demonstrar competência. "O emprego eu consegui na festa, não teve nem entrevista. Mas o crescimento profissional veio com bastante trabalho", relata.

Barzinho
Estar atento às pequenas oportunidades e ter disposição para sair e conhecer pessoas são os conselhos de Leonardo Dornelas Malta, 27, administrador de empresas que conseguiu emprego em uma multinacional depois de ser apresentado ao atual chefe em uma tarde de sábado, durante um chope com uma amiga.
"Eu estava simplesmente em uma mesa de bar, ouvindo samba e falando de música e de repente perguntei a ele com o quê ele trabalhava. Era a minha área."
Ele estava desempregado, e o outro buscava alguém para sua equipe. Depois de mostrar competência -já fora da mesa do bar-, Malta foi contratado.
Ele conta que o encontro foi coincidência, mas que, na época, tinha como prioridade ir a lugares em que fosse sempre possível conhecer pessoas diferentes.
"No momento em que você está procurando uma mudança de carreira, um novo emprego ou um primeiro emprego, o importante é ter ouvido aberto para tudo e conhecer pessoas. Mas sempre sem forçar a barra", ensina.



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