São Paulo, domingo, 29 de outubro de 2006

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REMUNERAÇÃO VARIÁVEL

Vendedor sobe ao pódio do reajuste

Estudo do Datafolha aponta as reposições salariais em cinco anos; saúde fica na lanterna

CÁSSIO AOQUI
EDITOR-ASSISTENTE DE EMPREGOS E CARREIRAS

Os profissionais vêm armados de calculadora financeira, arquitetam estratégias de aproximação e, depois de explicar em detalhes os atributos que só eles oferecem, dão a cartada final: "Quanto você pode pagar?"
Se essa tática convence até o cliente mais hesitante, parece também funcionar em negociações salariais: os vendedores técnicos e os engenheiros de venda estão entre os campeões de reajuste salarial nos cinco primeiros anos deste século.
Estudo exclusivo elaborado pelo Datafolha aponta que, entre cargos preenchidos por concluintes do ensino médio, especialistas em venda técnica obtiveram a maior reposição salarial entre 2001 e 2005: 75%.
Engenheiros de venda ficaram atrás, mas por pouco: foram os primeiros entre os graduados em nível superior, com aumento nominal de 62% em cinco anos. A inflação acumulada no mesmo período foi de 42%, segundo o IPC-Fipe.
"A tendência é que as empresas privilegiem remuneração variável. O percentual mais alto [no caso dos vendedores] está diretamente ligado aos resultados financeiros da empresa", diz Thiago Zanon, da Hewitt.
Já entre os que receberam os menores reajustes, é notável a presença de ocupações da área de saúde, sobretudo da hospi-talar, em cargos vinculados a todos os níveis de ensino.
Entre os exemplos, nutricionista (30%), lactarista hospitalar (34%) e técnico hospitalar de gesso (37%) estão na lista daqueles que nem sequer conseguiram repor as perdas inflacionárias.
Uma justificativa para isso, aponta Fausto Augusto Jr., técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos), é o fato de os trabalhadores desse setor terem maior dificuldade de organização e mobilização.
"Com jornadas diferenciadas, o trabalhador da saúde tem dois ou três empregos, e acaba circulando muito entre vários hospitais em busca de oportunidades melhores", acrescenta.
A crise na saúde privada, que se iniciou no fim da década de 1990, atingiu diretamente o trabalhador com menor salário. "As empresas [hospitais e planos de saúde] começaram a ser recompor a partir de 2004."


Com Mariana Bergel e Marina Campos Mello, colaboração para a Folha


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