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REMUNERAÇÃO VARIÁVEL
Vendedor sobe ao pódio do reajuste
Estudo do Datafolha aponta as reposições salariais em cinco anos; saúde fica na lanterna
CÁSSIO AOQUI
EDITOR-ASSISTENTE DE EMPREGOS E CARREIRAS
Os profissionais vêm armados de calculadora financeira,
arquitetam estratégias de aproximação e, depois de explicar
em detalhes os atributos que só
eles oferecem, dão a cartada final: "Quanto você pode pagar?"
Se essa tática convence até o
cliente mais hesitante, parece
também funcionar em negociações salariais: os vendedores
técnicos e os engenheiros de
venda estão entre os campeões
de reajuste salarial nos cinco
primeiros anos deste século.
Estudo exclusivo elaborado
pelo Datafolha aponta que, entre cargos preenchidos por
concluintes do ensino médio,
especialistas em venda técnica
obtiveram a maior reposição
salarial entre 2001 e 2005: 75%.
Engenheiros de venda ficaram atrás, mas por pouco: foram os primeiros entre os graduados em nível superior, com
aumento nominal de 62% em
cinco anos. A inflação acumulada no mesmo período foi de
42%, segundo o IPC-Fipe.
"A tendência é que as empresas privilegiem remuneração
variável. O percentual mais alto
[no caso dos vendedores] está
diretamente ligado aos resultados financeiros da empresa",
diz Thiago Zanon, da Hewitt.
Já entre os que receberam os
menores reajustes, é notável a
presença de ocupações da área
de saúde, sobretudo da hospi-talar, em cargos vinculados a
todos os níveis de ensino.
Entre os exemplos, nutricionista (30%), lactarista hospitalar (34%) e técnico hospitalar
de gesso (37%) estão na lista
daqueles que nem sequer
conseguiram repor as perdas
inflacionárias.
Uma justificativa para isso,
aponta Fausto Augusto Jr., técnico do Dieese (Departamento
Intersindical de Estatística e
Estudos Sócio-Econômicos), é
o fato de os trabalhadores desse
setor terem maior dificuldade
de organização e mobilização.
"Com jornadas diferenciadas, o trabalhador da saúde tem
dois ou três empregos, e acaba
circulando muito entre vários
hospitais em busca de oportunidades melhores", acrescenta.
A crise na saúde privada, que
se iniciou no fim da década de
1990, atingiu diretamente o
trabalhador com menor salário. "As empresas [hospitais e
planos de saúde] começaram a
ser recompor a partir de 2004."
Com Mariana Bergel e Marina Campos Mello, colaboração para a Folha
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