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ANÁLISE SETORIAL
Indústria é a campeã nos reajustes
Reposição foi de 58,26% entre 2001 e 2005, à frente de construção civil, comércio e serviços
MARIANA BERGEL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Entre os quatro setores contemplados pela pesquisa do Datafolha -comércio, indústria,
serviço e construção civil-,
a indústria foi quem melhor remunerou os profissionais ao
longo do período analisado.
O setor apresentou um reajuste
médio de salários de 58,26%.
O levantamento reflete o fato
de que, nesse setor, há forte
atuação das representações
de categoria, em especial a do
sindicato dos metalúrgicos.
Para André Rebelo, gerente
do departamento de pesquisas
e estudos econômicos da Fiesp
(Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo), há fatores mais determinantes para as
indústrias liderarem o ranking.
"Não existe benevolência
nem sindicato forte com uma
empresa fraca. Quando a indústria cresce, paga salários
mais altos", afirma Rebelo.
"Nesse período, o câmbio desvalorizado permitiu uma margem maior para produtos industrializados. Como as indústrias estavam recompondo
suas margens, repassaram verbas para aumentar salários e
manter seus talentos", opina.
O segundo maior reajuste, de
acordo com o Datafolha, foi o
da construção civil: 56,24%.
Entre 2001 e 2003, porém,
segundo o diretor de economia
do Sinduscon-SP (Sindicato da
Indústria da Construção Civil),
Eduardo Zaidan, o setor passou
por um período ruim, com PIB
negativo de 5,19%, em 2003.
"Nos anos seguintes, a remuneração dos trabalhadores da
construção civil foi favorecida
pela melhoria do PIB", analisa.
Com pouca diferença em relação à construção civil, o comércio registrou reajuste médio de 56,02%, de 2001 a 2005.
"O comércio passou por anos
muito difíceis, que envolveram
desde crise política até aumento da taxa de juros. O setor também não tem tanta força sindical como a indústria", afirma
Marcel Solimeo, superintendente da ACSP (Associação
Comercial de São Paulo).
Ele explica que o maior aumento das remunerações ocorreu nas funções administrativas do comércio. "Na verdade,
como os vendedores têm parte
da remuneração variável, é
complicado comparar as diferentes áreas do setor", pondera.
Na retaguarda
Bastante abaixo dos outros
segmentos e pouco acima da inflação acumulada no período,
que foi de 42%, o setor de serviços teve reajuste salarial de
43,39% entre 2001 e 2005.
A razão, apontam especialistas, é que muitos desses profissionais trabalham como temporários ou terceirizados.
"No serviço terceirizado, a
representação sindical não tem
tanta força, pois os trabalhadores estão mais pulverizados",
justifica Vander Morales, da
Asserttem (associação de empresas de tercerização).
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