São Paulo, domingo, 29 de outubro de 2006

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ANÁLISE SETORIAL

Indústria é a campeã nos reajustes

Reposição foi de 58,26% entre 2001 e 2005, à frente de construção civil, comércio e serviços

MARIANA BERGEL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Entre os quatro setores contemplados pela pesquisa do Datafolha -comércio, indústria, serviço e construção civil-, a indústria foi quem melhor remunerou os profissionais ao longo do período analisado. O setor apresentou um reajuste médio de salários de 58,26%.
O levantamento reflete o fato de que, nesse setor, há forte atuação das representações de categoria, em especial a do sindicato dos metalúrgicos.
Para André Rebelo, gerente do departamento de pesquisas e estudos econômicos da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), há fatores mais determinantes para as indústrias liderarem o ranking.
"Não existe benevolência nem sindicato forte com uma empresa fraca. Quando a indústria cresce, paga salários mais altos", afirma Rebelo. "Nesse período, o câmbio desvalorizado permitiu uma margem maior para produtos industrializados. Como as indústrias estavam recompondo suas margens, repassaram verbas para aumentar salários e manter seus talentos", opina.
O segundo maior reajuste, de acordo com o Datafolha, foi o da construção civil: 56,24%.
Entre 2001 e 2003, porém, segundo o diretor de economia do Sinduscon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil), Eduardo Zaidan, o setor passou por um período ruim, com PIB negativo de 5,19%, em 2003.
"Nos anos seguintes, a remuneração dos trabalhadores da construção civil foi favorecida pela melhoria do PIB", analisa.
Com pouca diferença em relação à construção civil, o comércio registrou reajuste médio de 56,02%, de 2001 a 2005.
"O comércio passou por anos muito difíceis, que envolveram desde crise política até aumento da taxa de juros. O setor também não tem tanta força sindical como a indústria", afirma Marcel Solimeo, superintendente da ACSP (Associação Comercial de São Paulo).
Ele explica que o maior aumento das remunerações ocorreu nas funções administrativas do comércio. "Na verdade, como os vendedores têm parte da remuneração variável, é complicado comparar as diferentes áreas do setor", pondera.

Na retaguarda
Bastante abaixo dos outros segmentos e pouco acima da inflação acumulada no período, que foi de 42%, o setor de serviços teve reajuste salarial de 43,39% entre 2001 e 2005.
A razão, apontam especialistas, é que muitos desses profissionais trabalham como temporários ou terceirizados.
"No serviço terceirizado, a representação sindical não tem tanta força, pois os trabalhadores estão mais pulverizados", justifica Vander Morales, da Asserttem (associação de empresas de tercerização).


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