São Paulo, domingo, 29 de dezembro de 2002

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HORA DA RECOMPENSA

Empresa se premia ao brindar funcionários

Fernando Moraes/Folha Imagem
LUCRO DE MÃO DUPLA A funcionária Adriana Angelovzi, da Avon,ganhou um bônus "recheado"; à dir., aplaudindo-a, o gerente Renani Gomes


CÁSSIO AOQUI
EDITOR-ASSISTENTE DE NEGÓCIOS E EMPREGOS

Tudo funciona como uma promoção do tipo "participe e concorra": quem for mais criativo, aparecer mais ou simplesmente tiver sorte pode ganhar viagens ao Caribe, automóveis e até um dia de tratamento no salão de beleza. A única diferença é o destino dos prêmios dados pelas empresas: em vez dos clientes, os "sorteados", agora, são os funcionários.
A iniciativa, cada vez mais comum neste período do ano, não deve, porém, ser confundida com filantropia: ao reconhecer o talento e a competência dos profissionais com agrados materiais, na verdade, é a própria empresa que acaba "se premiando".
"São dois os objetivos latentes: forçar a performance para um resultado positivo e reter os bons funcionários da casa", explica o vice-presidente do Grupo Foco, João Rodrigues Canada, 48.
Segundo a consultora de RH da Atman Ana Paula Nogueira, as premiações "servem para motivar e diminuir os gastos, já que a empresa quer economia e lucro".

Cabeleireiro
Para conseguir esses resultados, as companhias exploram todas as alternativas. A ADPO (eventos), por exemplo, premia o profissional com uma viagem a um hotel cinco estrelas. "Já distribuímos até um "vale-transformação" no cabeleireiro para as mulheres. Se as pessoas estão felizes, o negócio vai de vento em popa", justifica a proprietária, Claudia Tayar.
A Concord Communications é outra que dá viagens aos profissionais de destaque. "Cerca de 40 pessoas que atingiram as metas passarão quatro dias em Porto Rico com tudo pago", conta Fernando Reis, 44, gerente regional.
"Com um bom desempenho, o ganho mensal pode dobrar", ressalta o diretor da American Express Fernando Evangelista, 52, onde o bom funcionário não só ganha uma gratificação mas também a incorpora ao salário.
Já a Avon oferece até 15% a mais na distribuição anual de resultados, dependendo da performance do funcionário. "Estimulamos-o a desenvolver as competências necessárias ao nosso negócio", diz o gerente Renani Gomes, 32.
Rogério Barão, 38, gerente da Gradiente, diz que o investimento vale a pena. "O retorno é muito maior do que o valor investido."

Cenourinha
Para quem ganha, o prêmio pode se tornar uma "vitrine" dentro da empresa, com desdobramentos positivos na carreira. É o caso da funcionária da Gradiente Maria Dolores Nogueira, 44, que conquistou em 2001 uma viagem para Natal (RN): "Agora ganhei uma bolsa de MBA", conta.
Prova de que a gratificação funciona, a assessora jurídica da Avon Adriana Angelovzi, 27, diz que passou a alinhar os seus objetivos com os da empresa após ganhar por três vezes um bônus "recheado". "É como a história da cenourinha e do coelho. Serve para correr atrás", resume.

Família
Há casos em que até a família do funcionário entra na premiação. Na Unilever, todos os filhos passam um dia inteiro brincando e conhecendo a empresa dos pais e os produtos que fabricam.
Outro exemplo é o da Real Seguros: os melhores corretores ganham uma temporada num resort de luxo, com a família.
"Nesse evento, homenageamos as mulheres dos corretores com jóias. Depois fica fácil para nós, pois elas cobram dos maridos um bom resultado para participarem da festa de novo", brinca o vice-presidente José Luis Valente.



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