São Paulo, domingo, 30 de março de 2008

Próximo Texto | Índice

À SOMBRA DA CONCORRÊNCIA

Concorrência incentiva inteligência de mercado

Profissional deve antecipar tendências e lançamentos de firmas rivais

Rafael Hupsel/Folha Imagem
Jorge Bitencourt Castilho, da Bunge, que faz mestrado na área


MARIA CAROLINA NOMURA
DA REPORTAGEM LOCAL

O crescimento da economia brasileira, além de propiciar um cenário de maior concorrência entre as empresas, incentiva a propagação de uma atividade ainda nova no país: a de inteligência de mercado.
Entre as atribuições do profissional, que, em geral, é formado em marketing ou administração, está antecipar o movimento dos concorrentes para diminuir os riscos de prejuízo.
Para isso, ele analisa os elementos que mostram os planos da concorrência. A compra de um terreno, por exemplo, pode significar que a companhia irá construir uma nova fábrica.
"É possível prever o que outra empresa vai fazer até pelo tipo de profissional que ela contrata", exemplifica Jorge Bitencourt Castilho, 37, gerente de inteligência da Bunge (alimentos e agronegócios).
Mas, para chegar a essas conclusões, o profissional deve ser visionário, de acordo com Alfredo Passos, professor de inteligência competitiva da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing). "Não é só pegar informações que estão por aí e colocá-las em uma planilha. É preciso mostrar como esse cenário afeta a empresa."

Telefone com fio
Além de captar as informações, o profissional deve fazer com que elas cheguem aos níveis de gerência da companhia.
"Se alguém ouve um boato e a informação não chega ao topo, a empresa pode não ter tempo hábil de averiguá-la -e perder com isso", diz Castilho.
"O ideal é que os profissionais complementem as informações", acrescenta Fernando de Almeida, coordenador do curso de pós-graduação em monitoramento estratégico competitivo da FIA (Fundação Instituto de Administração).
Ele conta que um fabricante de eletroeletrônicos notou que seu fornecedor asiático estava aumentando os preços sem explicação. "Concluiu-se que esse fornecedor estava vindo para operar no Brasil, o que efetivamente ocorreu um ano depois."
Apesar de sua importância, a atividade ainda sofre resistência. "Como a área não tem resultados tangíveis, é mais difícil para a companhia enxergar seus benefícios", aponta Leandro Gaspar, 31, gerente de inteligência de mercado da farmacêutica sanofi-aventis.


Próximo Texto: Atuantes carecem de qualificação
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.