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PROFISSÕES VERDES
Crédito sustentável pede equipe heterogênea
Advogados, biólogos e geólogos analisam os riscos das operações
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O setor bancário foi o primeiro a dar sinal verde às ações de
sustentabilidade e a sistematizá-las. "É mais fácil para eles",
avalia o professor José Eli da
Veiga, da FEA-USP (Faculdade
de Economia, Administração e
Contabilidade da Universidade
de São Paulo). "Para a indústria, é preciso investimento pesado. Em serviços é mais barato. O foco é o treinamento."
Com isso, esse mercado começa a abrir espaço para profissionais com formações que
não tinham ponto de contato
com as finanças, como advogados, biólogos e psicólogos.
Para aproveitar a brecha é
preciso saber como funciona o
mercado financeiro e pesquisar
muito sobre sustentabilidade.
"Quem não é da área de finanças recebe treinamento", diz
Carlos Nomoto, superintendente de desenvolvimento sustentável do Banco Real, que valoriza formações heterogêneas
"para entender a sustentabilidade de forma mais complexa".
O banco montou um departamento de desenvolvimento
sustentável com profissionais
de diferentes especialidades,
que cuidam de projetos sociais
e de estratégias e ferramentas
de gestão de sustentabilidade.
No setor de crédito, o banco
tem analistas especializados
em avaliar aspectos sociais e
ambientais do tomador de empréstimo. Quanto mais "sustentavelmente correto" ele for,
menores serão os juros. "Temos duas biólogas e uma geóloga no setor", conta Nomoto.
Segundo Veiga, da FEA-USP,
muitos de seus alunos de economia foram ou estão indo trabalhar nos setores de sustentabilidade dos bancos.
Produtos verdes
As instituições financeiras
também estão atrás de idéias
para lançamentos ligados à
questão socioambiental. O Bradesco tem 32 produtos da família sustentável, como um financiamento de veículos que tem
parte da renda doada à ONG
SOS Mata Atlântica.
Há um ano o banco criou o
departamento de relações com
o mercado, com duas vertentes:
o relacionamento com os investidores e a responsabilidade
socioambiental.
Em cada uma há sete funcionários. São profissionais que
têm entre 20 e 36 anos, com
formações que vão desde direito com especialização em gestão do ambiente, saúde e segurança até processamento de dados com pós-graduação em
educação e gestão ambiental.
A área é a responsável por
uma avaliação socioambiental
dos fornecedores, que foram
convocados a adotar práticas
sustentáveis. Segundo Jean Leroy, diretor do departamento, o
peso dessa avaliação no critério
de seleção dos fornecedores
cresceu de 5% para 15%.
"Como as diferenças nos preços são pequenas, esses 15% são
muito importantes", afirma.
Já o Unibanco tem, desde
2003, uma área de "compliance" e responsabilidade socioambiental que aponta riscos
de grandes projetos do banco
com relação à sustentabilidade.
"Avaliamos os riscos legais e
de imagem ligados às operações de crédito", explica Roberto Nakamura, que gerencia o
setor. Exemplo: conceder crédito a uma empresa que não
atende à legislação ou às normas específicas de seu setor é
considerado arriscado.
Sob sua tutela trabalham
dois analistas, ambos advogados. "Isso ajuda, porque é preciso estipular nos contratos as
exigências do banco. Por isso
resolvemos ter profissionais
com mais conhecimentos legais", comenta o gerente. (RGV)
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