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São Paulo, domingo, 30 de novembro de 2003

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ENGENHARIA

Corrida de profissionais para escritórios, que pagam melhores salários, aponta necessidade de pessoal com formação de "raiz"

Mercado sente falta do tradicional

Fernando Moraes/Folha Imagem
Daniel Novo, engenheiro naval, atua com logística


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Engenheiros que conseguirem resistir à tentação de migrar para o mercado financeiro, o sistema bancário ou a área de marketing e vendas serão recompensados. Pelo menos é o que dizem universidades, instituições de classe e empresas ouvidas pela Folha.
O profissional com habilidade técnica e disposição para encarar situações mais adversas do que escritórios com ar-condicionado estaria se tornando artigo de luxo.
Como o salário inicial costuma ser maior para os que optam pelo trabalho de terno e gravata -em áreas mais próximas da administração-, o mercado já começa a sentir falta de profissionais que atendam ao perfil "tradicional".
"Vamos ficar sem mão-de-obra preparada e experiente para retomar o crescimento [do país] por causa desse desvio de função", avisa Eduardo Lafraia, presidente do Instituto de Engenharia. "Quem estiver preparado para gerar produção logo vai se dar melhor do que quem gerencia."
A mudança de perfil já produziu efeitos na escolha da carreira: cresceu o número de interessados em engenharia de produção, graduação que, apesar da ênfase em disciplinas como matemática, uso de materiais e automação industrial, aproxima-se do curso de administração ao adotar matérias como contabilidade, comércio e técnicas de gerência.
"Há uma atração um pouco artificial. Não é necessariamente por causa do salário, é uma questão de status. Trabalhar na marginal [Pinheiros] ou na Paulista parece melhor do que trabalhar a 30 km de São Paulo, com equipamentos de proteção", aponta o diretor em exercício da Escola Politécnica da USP, Ivan Gilberto Sandoval Falleiros. A concorrência nos escritórios, no entanto, é maior, ressalta o professor.

Olho no cliente
Mesmo quem atua mais diretamente na linha de produção não pode se esquecer de prestar atenção no cliente, o que implica noções de marketing e de controle.
Debates promovidos neste mês pela SAE Brasil (Society of Automotive Engineers), com a participação de empresas como GM e Volkswagen, e de universidades como USP e Unicamp, sinalizam que o engenheiro valorizado pelo mercado é o profissional que possui, ao mesmo tempo, visão generalista e competência técnica.
Segundo Pedro Manzano, gerente de qualidade da GM Brasil, ser generalista é a opção de muitos pela visão de que ajuda a subir na hierarquia das empresas. "Mas é essencial conciliar isso com a competência técnica", diz.
(BRUNO LIMA)


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