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São Paulo, domingo, 30 de novembro de 2003

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ADMINISTRAÇÃO

Empregador procura por profissional que combine saber geral com o específico; área financeira ganha mais peso

Domínio de finanças confere status

PAULA LAGO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A abrangência do mercado de trabalho para administradores é sedutora. Dentre os alunos matriculados em curso superior no Brasil, 14% cursam essa carreira, apontam dados de 2002 do Ministério da Educação. Pelo lado do trabalho, levantamento do Conselho Federal de Administração de 1998 (o mais recente da entidade), feito com 783 profissionais, mostra que 90% dos entrevistados estavam empregados.
Na hora de decidir qual rumo tomar, no entanto, não basta pensar na especialização. "O profissional tem de ser, antes de mais nada, um generalista, possuir uma base global consistente, independentemente da área escolhida", analisa Marcos Ávila, coordenador do mestrado do Instituto Coppead de Administração da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Ou seja: é preciso entender de números para poder dialogar com todos os setores; de logística, que é o lado operacional; ter visão de marketing para saber o que valorizar e ainda dominar o aspecto comportamental das equipes, legado da administração geral.
"Cada vez menos o empregador pode se dar ao luxo de contratar especialistas", reforça Rubens Pessanha, presidente da Amea Coppead (associação dos ex-alunos de mestrado do instituto).

Ciclos de valorização
Antes de saber qual área está em alta, Pessanha ressalta que o mercado é cíclico. "Há seis anos, a área de estratégia era o destaque. Nos últimos três anos mudou muito. Hoje as áreas mais aquecidas são finanças, logística e marketing, além da estratégica."
"Planejamento e controle financeiro são fundamentais num momento de retomada do crescimento econômico, fase em que estamos vivendo, e as empresas começam a procurar por quem tem capacidade de reorganização, com foco nos resultados", afirma.
Na GE (General Electric), grande parte das vagas para formados em administração são para a área financeira. Danilo Dias, 27, gerente de treinamento e desenvolvimento, diz que as características pessoais são mais valorizadas do que o conhecimento técnico.
"Primeiro o profissional tem de preencher os requisitos qualitativos, como ter mentalidade de processo, pensamento crítico e espírito de liderança. Depois, os quantitativos, como experiência em controladoria", exemplifica.
Sobre o marketing, Christina de Paula Leite, coordenadora do Cecop (Coordenadoria de Estágios e Colocação Profissional) da FGV-Eaesp (Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas) diz que tem destaque o candidato que demonstra preocupação com o desenvolvimento do público interno. "A tendência é aproximar-se do RH, incentivar a equipe, envolver-se com o lado psicológico e com a integração entre as áreas."
Uma outra característica da carreira é que a concorrência não se restringe aos administradores, há muitos "migrantes" de outras áreas. Só no curso de MBA do Coppead, por exemplo, os engenheiros ocupam mais de 50% das cadeiras.
Itamar Revoredo Kunert, presidente da Febrad (Federação Brasileira dos Administradores), diz que essa concorrência é salutar: "Mas precisamos saber trabalhar a situação, aumentando a fiscalização nos casos de profissionais que não tenham o registro."



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