São Paulo, domingo, 31 de agosto de 2008

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ENTREVISTA: JACK PHILLIPS

Recursos humanos devem estar ligados à estratégia

Os executivos do RH devem conhecer o negócio, ligar o departamento ao sucesso da operação, formar um time profissional, articular projetos e comunicar resultados

O posicionamento estratégico da área de recursos humanos é crucial para a participação do capital humano nos resultados da empresa, segundo Jack Phillips. O especialista em responsabilidade financeira e criador da metodologia Phillips ROI, que mede os resultados da gestão de pessoas, esteve no Brasil para participar do seminário Notáveis Pensadores, promovido no início de agosto pela Integração Escola de Negócios. Leia a entrevista que concedeu à Folha. (CÁSSIO AOQUI)

FOLHA - É possível quantificar o desempenho do departamento de recursos humanos sem arriscar transformar pessoas em números?
JACK PHILLIPS -
Sim. É preciso traçar o que as pessoas conquistaram, e não tentar transformá-las em coisas que podem ser contabilizadas.

FOLHA - Como a metodologia Phillips ROI resolve esse paradoxo?
PHILLIPS -
Quando a companhia implementa um novo programa de RH, há uma série de princípios a seguir. A reação ao programa é acompanhada, o aprendizado necessário para o seu sucesso é medido, e o progresso da implementação, traçado. Medem-se também o impacto do programa nos negócios, o retorno do investimento (o valor monetário do impacto nos negócios comparado com o custo do programa) e os benefícios intangíveis.

FOLHA - Por que o RH tem de lutar para parecer estratégico para as companhias, diferentemente do marketing ou do financeiro?
PHILLIPS -
Na estrutura organizacional, o RH é uma função nova, que só obteve legitimidade nas décadas de 1940 e 1950. No começo, era visto como uma função administrativa e, conseqüentemente, sem valor. Felizmente, o custo da parte humana da organização cresceu rapidamente. Agora, muitas empresas estão preocupadas com o gerenciamento dessa função e o valor dos programas implementados. Os executivos responsáveis por essa função nem sempre têm muita experiência e, às vezes, são atraídos para a área porque gostam de pessoas. Por causa da sua importância hoje, o RH deve ser ligado à estratégia, mas muitos líderes ainda encaram uma batalha para fazer essa ligação.

FOLHA - Quais são as melhores maneiras de o RH ser considerado estratégico e os desafios para consegui-lo?
PHILLIPS -
Evidenciar a contribuição do RH para objetivos estratégicos específicos, mostrando aos executivos que a função é gerenciada de maneira que acrescente um valor tremendo à organização.

FOLHA - Afinal, o que é um RH estratégico?
PHILLIPS -
Ele é considerado uma parte da estratégia da organização: a existência, o sucesso e a sustentabilidade da empresa apóiam-se no fator humano. Muitos projetos de RH estão diretamente ligados à estratégia. O sucesso da função e a sua conexão com a estratégia são reportados e ajustados rotineiramente. A maioria das multinacionais de sucesso faz isso. São listadas como as melhores empresas para trabalhar e como as companhias mais admiradas.

FOLHA - Quem faz um departamento de RH ser estratégico? Os diretores da empresa, os próprios executivos de RH ou todo o time de gestores? Quais são os papéis de cada um deles?
PHILLIPS -
Todos eles. Os diretores têm de entender a importância das pessoas e estar convencidos de que elas podem ser gerenciadas para o crescimento e o lucro da organização. Eles devem traduzir isso em exigências para que o RH seja mais estratégico, mais envolvido e responsável por resultados. Os executivos do RH devem ter conhecimento do negócio, ver a conexão entre o departamento e o sucesso da operação, articular os projetos e os programas, formar um time profissional e estimular e comunicar resultados. Devem ganhar a confiança dos diretores e do conselho falando em termos de negócios, não de RH. O sucesso não é definido pelo número de projetos e de atividades que existem, mas pela ligação entre o RH e o sucesso do negócio. Os profissionais do departamento devem querer mostrar a sua contribuição para a empresa, incluindo o retorno sobre o investimento.

FOLHA - Como os gestores podem melhorar sua liderança em relação ao processo de aprendizado para diferenciar os objetivos do negócio dos objetivos de avaliação?
PHILLIPS -
Todos os gestores devem ver o valor das pessoas em projetos que possam tornar os profissionais mais efetivos. O sucesso das pessoas é ligado à ação dos gestores: a responsabilidade dos recursos humanos está sendo transferida para eles, que assumem um papel maior no processo.
Mas eles precisam de habilidades para a função de RH. É importante que os objetivos de avaliação estejam ligados aos de negócios. A avaliação não inclui só a reação ao programa e ao aprendizado que ocorre mas também a mudança no comportamento dos indivíduos e, mais importante, as conseqüências que têm nos negócios. Assim, os objetivos de avaliação devem incluir os de negócios.


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