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Invasão gêmea

Há uma maneira "certa" de educar irmãos gêmeos? Com a popularização da reprodução assistida, aumentam o número de múltiplos e as dúvidas dos pais

JULIANA VINES
DE SÃO PAULO
Adriano Vizoni/Folhapress
Os irmãos Rafael (de laranja) e Leonardo, 1 ano e 8 meses, que disputam brinquedos
Os irmãos Rafael (de laranja) e Leonardo, 1 ano e 8 meses, que disputam brinquedos

Neste ano, mais de 10 mil mulheres ficaram ou ficarão grávidas graças a um tratamento de fertilização in vitro no Brasil. Dessas, pelo menos 2.500 terão gêmeos, trigêmeos ou até quadrigêmeos.

Esse número é alto quando se considera que, de forma natural, apenas uma em 88 gestações resulta em gêmeos -1,1% do total.

As estimativas são de Adelino Amaral Silva, presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida. De acordo com ele, a popularização das técnicas de fertilização teve impacto no número de múltiplos no país.

Esse aumento fez também com que surgissem mais e mais livros, blogs e sites sobre cuidados e educação específicos para essas crianças. Os dilemas vão bem além do "roupa igual ou diferente?".

A arquiteta Claudia Herrera, 40, nunca tinha trocado uma fralda até ter seus dois meninos, cinco anos atrás, depois de um tratamento. Levou um susto. "Pensam que ter gêmeos é um conto de fadas. Está longe disso. Eles exigem muitos cuidados, é assustador."

Traumatizada por não ter encontrado um "manual de instruções", a arquiteta escreveu "São Gêmeos, e Agora?" (Phorte, 126 págs., R$ 39,90). O livro fala de questões operacionais, ajuda a calcular o número de fraldas necessárias, por exemplo.

Caroline Passuello, 34, consultora em análise de risco, é mãe de Leonardo e Rafael, de um ano e oito meses. Para ela, o problema não é o trabalho braçal ou os pijamas iguais que a avó dá, mas a dificuldade para interpretar e atender as diferentes necessidades de cada um dos filhos.

"Um pede mais colo do que o outro. O que eu devo fazer? Devo dar mais atenção para o que pede mais ou então me dividir entre os dois, mesmo deixando um descontente?"

Leonardo e Rafael são gêmeos idênticos. Mas, apesar de terem o mesmo código genético, eles não são iguais, explica a pesquisadora Elvira Souza Lima, autora de "Neurociência e Aprendizagem" (Inter Alia).

"Pesquisas mostram que gêmeos idênticos têm redes neuronais diferentes, que são como a impressão digital do cérebro. Mesmo estando no mesmo contexto, cada um deles tem uma experiência única, o que influencia na formação da personalidade."

RITMOS DIFERENTES

Isso explica porque gêmeos idênticos quase nunca engatinham e falam ao mesmo tempo, o que sempre gera alguma angústia nos pais. Mas esse ritmos não têm nada a ver com inteligência.

"A biologia dá a possibilidade para que os bebês, no terceiro mês de vida, possam esticar os braços e pegar um objeto. Mas se ele vai fazer isso depende de muitos fatores, como se há objetos disponíveis ou não", afirma a pesquisadora.

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