Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Equilibrio

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Outras ideias

MICHAEL KEPP mkepp@terra.com.br

Uma mania americana

Se for feito um estudo, o resultado mostrará que nove em dez conterrâneos meus amam estatísticas

"Americanos são muito estatísticos", já dizia Caetano. É verdade.

Meus conterrâneos, obcecados por fatos, os colocam em um pedestal e os quantificam, para lhes conferir precisão e credibilidade. Números e porcentagens lhes dão o poder de prever e, às vezes, controlar os acontecimentos.

Se fosse feito um estudo, o resultado mostraria que nove em dez americanos amam estatísticas. Mas estou só 50% certo disso.

Mais estatísticas per capita são recolhidas sobre o beisebol do que sobre qualquer outra atividade humana. Já que acontece tão pouca coisa durante o jogo, os comentaristas inundam os espectadores de números sobre o desempenho de cada um dos jogadores.

Os torcedores ficam mais encantados por essas cifras do que por um jogo de futebol que acaba zero a zero.

Nas noites das eleições presidenciais, as redes de TV alimentam eleitores famintos de fatos com números constantemente atualizados de votos dados a cada candidato em cada condado de cada Estado onde a disputa esteja acirrada.

Mas duas estatísticas previram a derrota de Mitt Romney na eleição de 2012. Uma delas se destacou em um vídeo, gravado secretamente, em que ele dizia a ricos doadores de campanha que 47% dos americanos eram "vítimas... dependentes do governo".

A outra estatística --a do slogan "Nós somos os 99%", do movimento Occupy Wall Street-- era um sinal de que a maioria dos eleitores não votaria em um bilionário do 1% mais rico. Ou, no caso de Romney, do 0,006% mais rico.

Números poluem a paisagem americana. As placas de estrada que anunciam o perímetro urbano de uma cidade sempre informam a população. Os arcos dourados da rede McDonald's anunciam quantos bilhões de hambúrgueres foram servidos. E um painel eletrônico em Manhattan mostra um número constantemente atualizado, de 13 dígitos: a dívida nacional.

A imprensa americana publica fatos quantificados com valor noticioso zero. Veja essa recente manchete do "New York Times": "Donald Hornig, o último a ver a primeira bomba atômica, morre aos 92 anos".

A revista "Harper's" dedica uma página inteira a estatísticas. Entre as 39 estatísticas de maio estava este precioso dado: entre os países que produzem atores pornô, a Hungria ocupa o segundo posto. Outra revista me revela que eu nasci no oitavo melhor hospital dos Estados Unidos.

NA PRÓXIMA SEMANA
Mirian Goldenberg


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página