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Guerra à celulite

Remédio que destrói fibras densas de colágeno e terapia de onda acústica aumentam o arsenal contra os odiados 'furinhos'

MONIQUE OLIVEIRA DE SÃO PAULO

E se uma bactéria modificada geneticamente produzisse uma enzima capaz de destruir as fibras densas de colágeno que caracterizam os "furinhos"da celulite?

A façanha, revelam estudos, é possível. Pesquisas descrevem que o xiaflex, remédio já disponível nos EUA, é capaz de dissolver essas fibras e amenizar a celulite.

A substância tem sido alvo de palestras em congressos de dermatologia e especialistas acreditam que, se o remédio apresentar na prática os resultados dos estudos, será um divisor de águas no tratamento da celulite.

O xiaflex já é vendido nos EUA para a doença de Dupuytren --condição em que fibras espessas de colágeno abaixo do tecido da mão atrapalham o movimento-- e também para a doença de Peyronie --nesse caso, a droga rompe nódulos que se formam no pênis e comprometem a ereção.

O remédio é à base da enzima colagenase. Produzida por uma bactéria na qual foi inserido um gene humano, a colagenase seria eficaz quando injetada na pele em quantidades maiores.

"O xiaflex seria uma opção equivalente à cirurgia mas com melhor recuperação", explica Jardis Volpe, dermatologista que viu os primeiros resultados do estudo com o medicamento durante o Congresso da Academia Americana de Dermatologia, em Miami, no ano passado.

"Percebemos que a droga pode tornar esse colágeno denso mais elástico", explica Thomas Wegman, presidente da BioSpecifics, que fabrica o remédio, à Folha. "Mas não se pode usar a droga para esse fim sem estudos."

Apesar do entusiasmo, é preciso considerar alguns efeitos não desejados.

"Um deles é que a colagenase não destrói somente o colágeno fibroso [que forma a celulite] mas também o colágeno que dá firmeza à pele", questiona Volpe. "Também é necessário estipular a dose correta."

"Ouvi muitas ponderações em relação à colagenase e é preciso ir devagar", explica Davi de Lacerda, dermatologista que assistiu à apresentação da substância em um evento em Paris.

Além do estudo de segurança, de fase 1, já finalizado, outra pesquisa está em curso. A empresa recrutou 144 mulheres com celulite nos quadris e nas nádegas. Elas estão divididas em quatro grupos, com doses diferentes do remédio.

MAIS OPÇÕES

Enquanto o remédio não vem, novas opções contra a celulite movimentam o mercado e os congressos.

No Simpósio de Cirurgia Plástica realizado há duas semanas em São Paulo, uma apresentação lotada abordou o tema. O Congresso Brasileiro de Dermatologia, que será em Porto Alegre daqui a um mês, também terá um painel dedicado à celulite.

Nesses encontros, outra técnica que tem tido destaque é a terapia de onda acústica, usada para tratar dor e para destruir cálculos renais.

A técnica passou a ser usada para esse fim quando atletas australianas usaram a terapia para tratamento de dor e perceberam melhora na celulite. Segundo especialistas, a altíssima frequência é capaz de romper as fibras de colágeno e reduzir gordura.

A administradora Mônica Melo, 30, preferiu a onda acústica à tradicional drenagem linfática. "Experimentei as duas e vi que a onda acústica atua melhor sobre a celulite", diz. Mônica utilizou a técnica em dez sessões para reduzir a celulite do glúteo. "Não dói e o resultado já aparece na terceira sessão."

Outra terapia que ganha destaque é a cirurgia minimamente invasiva que leva o laser para debaixo da pele. A luz emitida quebra o tecido fibroso que puxa a pele para baixo na celulite.

"A cirurgia com laser é uma das técnicas mais eficazes que uso", diz Denise Steiner, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

Também é consenso que dietas pouco calóricas, hidratação e exercício físico melhoram o aspecto e ajudam a prevenir a volta da celulite após esses tratamentos. Alimentos que retêm menos líquido auxiliam, como tomate, alho, aveia e brócolis.

No Simpósio de Cirurgia Plástica, o cirurgião plástico Rômulo Mêne, presidente da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia, falou ainda da suplementação de albumina contra a celulite. Ele, que indica às suas pacientes duas colheres de sopa diárias de albumina desde os anos 80, apresentou casos de seu consultório.

"A celulite é uma condição complexa e algumas dessas terapias não têm efeito a longo prazo", diz Lacerda. "Muitos tratamentos não são objetos de estudos sérios e sua eficácia só será comprovada na prática clínica."


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