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Você sabe guardar comida?

No caso de vários alimentos, geladeira não é a única nem a melhor opção de conservação

JULIANA CUNHA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Longe dos olhos e enviada para a Sibéria da geladeira, a comida saiu dos corações das pessoas, que já não sabem nem sequer como guardá-la. Essa é a tese da designer coreana Jihyun Ryou, que estuda métodos de conservação de alimentos mantidos por comunidades agrícolas e transmitidos oralmente.

Radicada na Holanda, Ryou desenvolve produtos que tentam rivalizar com o refrigerador. "Faço utilitários de cozinha que deixam a comida exposta. É importante olhar para ela, saber sua aparência", disse à Folha. Periodicamente, Ryou compartilha novidades da sua pesquisa no site www.savefoodfromthefridge.com.

"A geladeira congelou nosso conhecimento sobre a comida. Hoje só especialistas entendem o que significa um vegetal e quantas mágicas ele pode fazer", afirmou à Folha Susanne Freidberg, geógrafa especializada em agricultura e globalização da Universidade Dartmouth, nos EUA.

Autora do livro "Fresh: A Perishable History" (Harvard University Press, 416 págs., R$ 47), a geógrafa vê o eletrodoméstico como pilar da revolução que nos permitiu conservar laticínios por semanas, mas cobrou seu preço ao nos afastar da comida fresca. "A tradição crê que a qualidade da comida está relacionada à estação do ano, ao lugar e ao quão fresca ela está. Para a gente, parece que é sempre época para qualquer comida. O único limite que obedecemos hoje é o do 'fora da validade'", afirma.

TÉCNICAS ANTIGAS

A dona de casa paulistana Vera Barreto, 51, é prática: "Tudo que não for banana ou enlatado vai para a geladeira", que em sua casa tem duas portas e 830 mm de largura. "Pera não fica na geladeira nem no mercado, mas coloco, acho que dura mais."

Para a nutricionista Priscila Rosa, da Equilibrium Healthy Food, as técnicas de conservação antigas (a exemplo das apresentadas acima) funcionam melhor com orgânicos: "O agrotóxico modifica a estrutura química da comida, que passa a ser mais dependente da refrigeração".

Rosa acredita que o design do eletrodoméstico é falho e induz o usuário a guardar os alimentos de modo errado.

Ovos, por exemplo, não devem ser mantidos na porta da geladeira. "Quem vê um porta-ovos pensa que deve colocar a parte mais redonda dos ovos para cima, quando é o contrário. Deixá-los nessa posição pode romper a película que protege a clara da gema, o que prejudica a conservação e até o gosto", ressalta.

Guardado na geladeira, um ovo pode durar até 60 dias. Fora ele só dura 15, mas fica mais fresco. O ovo fresco tem conteúdo firme, a gema é inteira, a clara é compacta e não se espalha. Quanto mais líquido o aspecto da clara, mais velho ele está.

Dentro da geladeira, o ideal é manter alimentos crus, como frutas e verduras, na gaveta inferior, refogados nas prateleiras do centro e cozidos na prateleira superior, mais próxima da fonte de refrigeração. Deixe para lavar os alimentos só na hora do consumo para não retirar a película de proteção da casca. Se compradas maduras, frutas e verduras duram cerca de três dias. Já as verdes podem durar até uma semana e meia.

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